Por ‘civis inocentes’, Vaticano quer mediar conflito entre Israel e Hamas

Durante a manhã desta sexta-feira (13) o secretário de Estado do Vaticano, o cardeal Pietro Parolin, afirmou ao Vatican News que o ataque do Hamas a Israel foi “desumano” e que a “defesa legítima não deveria prejudicar os civis”, de acordo com uma transcrição da entrevista fornecida pela assessoria de imprensa do Vaticano. “O ataque terrorista realizado pelo Hamas e outras milícias no último sábado (07) contra milhares de israelenses que estavam prestes a celebrar o dia de Simchat Torá, encerrando a semana do festival de Sucot, é desumano”, pontuou.

“A Santa Sé expressa completa e firme condenação”, acrescentou. Além disso, o cardeal também prestou solidariedade às famílias dos reféns, mas insistiu: “é necessário recuperar o sentido da razão, abandonar a lógica cega do ódio e rejeitar a violência como solução. É direito de quem é agredido se defender, mas mesmo a defesa legítima deve respeitar o parâmetro da proporcionalidade.” Parolin admitiu, no entanto, que talvez não seja possível encontrar uma solução pacífica.

“Não sei quanto espaço para o diálogo pode haver entre Israel e a milícia do Hamas, mas se houver e esperamos que haja deve ser prosseguido imediatamente e sem demora”, afirmou. “Isto visa evitar mais derramamento de sangue, como está a acontecer em Gaza. Onde muitas vítimas civis inocentes foram causadas pelos ataques do exército israelita.” O cardeal colocou o Vaticano a disposição para mediar o conflito.

“A Santa Sé está pronta para qualquer mediação necessária, como sempre. Entretanto, procuramos falar com as instituições cujos canais já estão abertos. Qualquer mediação para pôr fim ao conflito deve levar em conta uma série de elementos que tornam a questão muito complexa e articulada. Como a questão dos assentamentos israelenses. Da segurança e a questão da cidade de Jerusalém”. “Uma solução pode ser encontrada no diálogo direto entre palestinianos e israelitas. Encorajado e apoiado pela comunidade internacional, embora seja mais difícil agora”, acrescentou.

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O cardeal Pietro Parolin comentou se ainda é possível ter espaço em Israel para uma iniciativa diplomática da Santa Sé, semelhante ao que foi feito no conflito entre a Rússia e a Ucrânia. “Sim, a libertação dos reféns israelenses e a proteção das vidas dos inocentes em Gaza estão no centro do problema criado pelo ataque do Hamas e pela resposta do exército israelense. Eles estão no centro das preocupações de todos nós, do Papa e de toda a comunidade internacional. A Santa Sé está pronta para qualquer mediação necessária, como sempre. Enquanto isso, procura conversar com as organizações cujos canais já estão abertos”, começou.

Papa afirma que Israel tem direito de se defender

O Papa Francisco em sua fala mais forte desde o início do conflito em Gaza, pediu na última quarta-feira (11) a libertação de todos os reféns feitos por militantes do Hamas e disse que Israel tem o “direito de se defender”. “É direito daqueles que são atacados se defenderem, mas estou muito preocupado com o cerco total em que os palestinos vivem em Gaza. Onde também houve muitas vítimas inocentes”, afirmou.

A menção do papa ao direito de autodefesa ocorreu após pressão diplomática de Israel para que ele fizesse tal declaração. Anteriormente, os comentários do papa e de autoridades do Vaticano sobre o conflito foram considerados tímidos pelas autoridades israelenses. Em seus comentários na última quarta-feira, o papa afirmou que “o terrorismo e o extremismo não ajudam a chegar a uma solução para o conflito entre israelenses e palestinos. Mas alimentam o ódio, a violência, a vingança e causam sofrimento para ambos os lados”.

“O Oriente Médio não precisa de guerra, mas de paz, uma paz construída com base na justiça, no diálogo e na coragem de ser fraterno”, pontuou Francisco.

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