Líbia: após inundações, autoridades temem que mortos cheguem a 20 mil
Milhares de desaparecidos ainda são procurados pela população das regiões afetadas pelas inundações na Líbia, as equipes de resgate pedem mais embalagens para transportar os corpos. Na última quarta-feira (13), as autoridades indicavam que o número de mortos era de cerca de 5 mil, mas as estimativas indicam que as vítimas podem chegar até a 20 mil.
As autoridades locais ainda afirmam que há a possibilidade de terem morrido aproximadamente 20 mil pessoas na sequência das inundações que assolaram o Leste do país no último domingo (10). A informação foi dada pelo prefeito da cidade de Derna à emissora da TV saudita Al Arabiya, considerando as localidades que foram destruídas pelas cheias após o desabamento de duas barragens na noite de domingo.
A quantidade de pessoas desaparecidas nos escombros ou no mar ainda não foi confirmada, as autoridades temem ainda os possíveis riscos de doenças. Os dois governos rivais da Líbia, o de Unidade Nacional, reconhecido internacionalmente e o do Leste do país têm feito esforços para dar resposta à situação que o país enfrenta e apelado à ajuda internacional, que tem aumentado nos últimos dias.
Nas regiões mais afetadas estão equipes de resgate do Egito, da Turquia e do Catar. “Na verdade, precisamos de equipes especializadas na recuperação de corpos”, afirmou o presidente da Câmara de Derna, Abdulmenam al-Ghaithi, à imprensa local. “Temo que a cidade seja infectada por uma epidemia devido ao grande número de corpos sob os escombros e na água.” Lutfi al-Misrati, responsável pelas equipes locais de resgate, enfatizou à Al Jazeera que o governo precisa de sacos para os corpos”.
Ministro da Líbia se pronuncia após tempestade
Ainda na última quarta-feira (13) o chefe do Conselho Presidencial que exerce a função de chefe de Estado, Mohamed al Manfi, afirmou que “a catástrofe excede a capacidade da Líbia” e insistiu na urgência da ajuda internacional, que começou a chegar progressivamente devido ao difícil acesso à região rodeada de montanhas, submersa e isolada, sem eletricidade nem telecomunicações.
O ministro da Aviação Civil afirmou ainda que o “mar está despejando constantemente dezenas de corpos” e que várias embarcações continuam a procurar cadáveres ao longo da costa. “Os corpos estão por todo lado, dentro das casas, nas ruas, no mar. Onde quer que estejamos, encontramos homens, mulheres e crianças mortas”, pontuou Emad al-Falah, um trabalhador humanitário de Benghazi. “Perderam-se famílias inteiras”.
“Derna foi afetada por ondas de sete metros de altura que destruíram tudo no seu caminho. O número de mortos é enorme”, afirmou Yann Fridez, chefe da delegação do Comité Internacional da Cruz Vermelha na Líbia, à emissora France24. Derna situa-se numa estreita planície costeira no Mediterrâneo, sob montanhas íngremes que percorrem a área. Apenas duas estradas a partir do Sul podem ser utilizadas, e essas implicam longo e sinuoso percurso pelas montanhas.
Detalhes sobre a tempestade Daniel
O fenômeno se formou na primeira semana de setembro, na região do Mediterrâneo.
- A tempestade começou causando estragos e deixando estragos na Grécia, no dia 4 de setembro.
- Depois disso, “Daniel” se deslocou em direção à África, passando pelo norte do continente.
- Dados oficiais sobre os acumulados de chuva ainda não foram compilados. No entanto, segundo o especialista em clima Christos Zerefos, secretário-geral da Academia de Atenas, o total na Líbia pode chegar a 1.000 mm em dois dias.
- Benghazi, a segunda maior cidade da Líbia, e outras regiões também foram atingidas pela tempestade.