Honduras segue estratégia de El Salvador e trava guerra contra o crime organizado
Em uma decisão que ecoa a abordagem de Nayib Bukele, presidente de El Salvador, a presidente hondurenha, Xiomara Castro, decidiu aumentar a pressão sobre as gangues locais. No centro de suas táticas está a implementação de toques de recolher nos municípios de San Pedro Sula e Choloma, localizados no departamento de Cortés, ao norte do país.
Esta ação ocorreu após um fim de semana marcado pela violência, que vitimou 21 pessoas – 13 delas em uma única ocasião, dentro de uma casa de bilhar em Choloma. Segundo o governo, a culpa recai sobre o narcotráfico.
No contexto deste cenário desolador, Castro lançou a “Operação Candado Valle de Sula”. Liderada pelo Ministro da Segurança, Gustavo Sánchez, a operação é um conjunto robusto de medidas que inclui ataques, operações, capturas e controles. Para incentivar a colaboração pública, Castro anunciou uma recompensa de 800.000 lempiras (aproximadamente 32.364 dólares) para quem auxiliar nas capturas dos autores das massacres em Choloma e San Pedro Sula.
O Enfrentamento à Violência
Além das ações imediatas, Castro também manteve o estado de exceção em 123 dos 298 municípios hondurenhos, vigente desde 6 de dezembro do ano passado. Essa medida, embora controversa, é vista por muitos como necessária no combate às gangues e foi recentemente prorrogada por mais 45 dias, até 5 de julho.
A aplicação da ordem presidencial foi rápida e, pouco depois de sua implementação, as primeiras imagens da “Operação Candado Valle de Sula” começaram a surgir. Na segunda-feira, Sánchez informou sobre a captura de ‘Bad Face’, um dos supostos responsáveis pelo múltiplo homicídio em Choloma, suspeito de ser membro da gangue ‘Barrio 18’.
Contudo, o alcance da operação não se limita a Choloma e San Pedro Sula. Segundo a Secretaria de Estado da Defesa Nacional, ações militares e policiais estão sendo realizadas em bairros e colônias do Distrito Central, incluindo as cidades de Tegucigalpa e Comayagüela.
Operação em Presídios: A Luta contra o Crime Organizado
Uma parte crucial da estratégia de Castro é a operação nos presídios do país, lugares em que a Polícia Militar assumiu o controle com o objetivo de desmantelar organizações criminosas. Nomeada de “Fe y Esperanza”, a operação visa quebrar o ciclo do crime organizado e, conforme o secretário de Estado da Defesa Nacional, José Manuel Zelaya Rosales, tornar as prisões mais do que “escolas do crime”.
Críticas à Abordagem de Castro
Apesar das ações decisivas de Castro, nem todos concordam com essa abordagem. Erika Guevara Rosas, diretora para as Américas da Anistia Internacional, descreveu as ações do governo hondurenho como um “despliegue bukelista de populismo punitivo”, alertando que essa abordagem pode intensificar a crise de direitos humanos.