Textor, dono do Botafogo, reafirma denúncias de manipulação de jogos
Textor enfatizou a gravidade das manipulações, comparando-as ao doping no esporte
Na tarde desta segunda-feira (22), o empresário John Textor, sócio majoritário da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) Botafogo de Futebol e Regatas, apresentou-se à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas, onde reafirmou suas denúncias de manipulação de resultados no futebol brasileiro. Textor, que conversou em inglês e foi auxiliado por dois tradutores, destacou a importância desse dia tanto para ele quanto para o esporte nacional, que “todos amamos”.
A sessão, solicitada pelos senadores Jorge Kajuru (PSB-GO), presidente da comissão, e Romário (PL-RJ), relator da CPI, testemunhou o empresário agradecendo ao Senado por conduzir uma investigação que ele considerou sem precedentes em comparação com outras nações. Ele elogiou a coragem da CPI por enfrentar questões de manipulação de resultados e salientou o papel facilitador da legislação da SAF no desenvolvimento do futebol brasileiro.
Textor comparou a manipulação nos esportes ao doping, algo que muitos se recusam a acreditar até serem confrontados com evidências concretas. Ele também mencionou que entregaria provas concretas de suas alegações em uma reunião secreta com a CPI.
A empresa Good Game!, contratada por Textor para analisar as partidas, identifica como a manipulação ocorre, mas não necessariamente por que acontece. O empresário expressou que certos jogos afetaram indiretamente o Botafogo e destacou que se as provas forem levadas em consideração, o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), a polícia e a própria CPI deveriam agir.
Durante o depoimento, Textor destacou a transparência como um antídoto contra a corrupção e fez uma analogia interessante, descrevendo a manipulação como um “truque de mágica” onde os espectadores são distraídos enquanto as irregularidades ocorrem. Ele elogiou a tecnologia de visão computacional por sua capacidade de observar cada segundo do jogo, avaliando árbitros e jogadores de forma detalhada.
O senador Carlos Portinho (PL-RJ) expressou preocupação com a crescente dependência do futebol brasileiro em relação às casas de apostas, enquanto o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) considerou o depoimento de Textor potencialmente útil para futuras recomendações da CPI.
A contradição nas declarações de Textor sobre o Palmeiras ser beneficiado por manipulação, mas sem acusar o clube diretamente, foi levantada pelo senador Kajuru, ao que Textor respondeu não ver contradição, reafirmando o benefício, mas sem acusar os clubes especificamente.
O vice-presidente da CPI, Eduardo Girão (Novo-CE), ressaltou o papel da comissão em buscar a verdade, mostrando preocupação com o impacto das apostas esportivas via internet no país e na vida dos brasileiros.
A CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas segue em andamento, com a comissão constituída por 18 membros e uma agenda de 180 dias para investigar as denúncias trazidas por Textor e outros envolvidos no cenário esportivo nacional.