Cerca de 20,6% dos jovens brasileiros não trabalham nem estudam, diz OIT
O fenômeno dos jovens "nem-nem" continua a ser uma preocupação significativa.
A situação dos jovens “nem-nem” – aqueles que não estudam nem trabalham – permanece um desafio significativo no Brasil. Um relatório recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT), intitulado “Tendências Globais de Emprego Juvenil 2024“, revela que 20,6% dos brasileiros na faixa etária entre 15 e 24 anos se encontram nessa condição.
Embora esse percentual represente uma leve queda em comparação com o ano anterior, quando a taxa foi de 20,9%, a questão ainda demanda atenção contínua.
Apesar dos esforços governamentais, como o programa Pé-de-Meia, que visa combater a evasão escolar, e das taxas de desemprego que são as mais baixas da última década, o Brasil ainda enfrenta dificuldades para reduzir a porcentagem de jovens “nem-nem”. A taxa no país é superior à de outros países da América Latina e de mercados emergentes. Enquanto no Brasil 20,6% dos jovens se enquadram nessa categoria, no Chile essa taxa é de 15,3%, na Argentina de 15%, e na Bolívia de 9,5%. Em âmbito global, países como China e Rússia registram taxas de 12,9% e 12,2%, respectivamente, enquanto na Índia esse número salta para 25,9%, e na África do Sul atinge preocupantes 31,7%.
Disparidade de gênero acentua o problema
Outro aspecto destacado pelo levantamento da OIT é a desigualdade de gênero entre os jovens que não estudam nem trabalham. Em 2023, 28,1% das mulheres jovens brasileiras se encontravam nessa situação, em comparação com 13,1% dos homens jovens.
Esses dados refletem uma disparidade que também é observada em nível global, indicando que políticas públicas voltadas para a promoção da inclusão social e a oferta de oportunidades de emprego para as mulheres são cruciais.
Impacto global e a necessidade de ação
O relatório da OIT destaca que, apesar de uma leve recuperação nas taxas globais de desemprego após a pandemia de Covid-19, essa recuperação não foi homogênea, deixando muitos jovens sem acesso a trabalho decente. Esse cenário gera uma crescente ansiedade entre a juventude, que, apesar de ser a geração mais educada da história, enfrenta uma insegurança laboral significativa.
O diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo, expressou preocupação: “Nenhum de nós pode esperar um futuro estável quando milhões de jovens ao redor do mundo não têm trabalho decente e, como resultado, estão se sentindo inseguros e incapazes de construir uma vida melhor para si e suas famílias. Sociedades pacíficas dependem de três ingredientes principais: estabilidade, inclusão e justiça social; e o trabalho decente para os jovens está no cerne de todos os três.”