Apenas 15% dos brasileiros com mais de 16 anos estudam atualmente
O índice de pessoas que estudam é mais alto no Nordeste (18%) e menor no Sul (10%)
Com o avanço constante das tecnologias, a necessidade de aprendizado contínuo ao longo da vida tem sido cada vez mais enfatizada globalmente. Contudo, o Brasil enfrenta desafios únicos nesse aspecto, especialmente em relação aos altos índices de evasão escolar e a baixa escolaridade de sua população. De acordo com uma pesquisa recente do SESI e do SENAI, apenas 15% dos brasileiros com mais de 16 anos afirmam estar matriculados em uma instituição de ensino.
Panorama do estudo no Brasil
A pesquisa foi realizada com 2.000 pessoas com mais de 16 anos, abrangendo todas as 27 Unidades da Federação, e apresentou uma amostra representativa da população brasileira. A porcentagem de indivíduos que estão atualmente estudando varia consideravelmente entre diferentes regiões, faixas etárias e níveis de renda.
A análise dos dados revelou que 53% dos jovens entre 16 e 24 anos estão atualmente matriculados em instituições de ensino, incluindo ensino fundamental, médio, técnico, superior e pós-graduação. O índice de pessoas que estudam é mais alto no Nordeste (18%) e menor no Sul (10%).
Consequências da baixa escolaridade e evasão escolar
Os resultados da pesquisa também indicaram que, entre aqueles que não estão estudando atualmente, apenas 38% alcançaram a escolaridade que desejavam, enquanto 57% não tiveram condições de continuar os estudos por diferentes motivos. O principal deles foi a necessidade de trabalhar para manter a família, conforme apontado por 47% dos entrevistados.
Para 18% dos jovens de 16 a 24 anos, a razão para deixar de estudar é a gravidez ou nascimento de uma criança. Esta taxa de evasão escolar por gravidez/filho é ainda mais alta entre mulheres (13%), moradores do Nordeste (14%) e das capitais (14%), o dobro da média nacional, que é de 7%.
O diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi, alerta que “não podemos ter um projeto de país, para o desenvolvimento social e econômico, sem considerar a educação. Conhecer os motivos e o perfil dos jovens e adultos que interromperam os estudos, e consequentemente sua evolução profissional, é indispensável para criar oportunidades e reduzir desigualdades“.
O Ensino Médio: uma fase crítica para os estudantes brasileiros
O estudo também destacou que a ruptura na trajetória estudantil começa, de forma preocupante, no ensino médio. Esta etapa, que deveria ser a ponte entre a educação básica e o início da trajetória profissional, é marcada por altos índices de reprovação e abandono escolar. Cerca de 1 em cada 10 alunos reprova (4,7%) ou abandona (4,2%) a escola no 1º ano, segundo dados do Censo Escolar 2021.
Considerando que existem 66,4 milhões de brasileiros com mais de 18 anos que não concluíram o ensino médio e não frequentam a escola, Lucchesi ressalta que é contraproducente ignorar essas taxas.
Alfabetização e prioridades para o governo
A população brasileira também demonstra ter clara percepção das falhas no sistema educacional. A alfabetização, por exemplo, é avaliada como ruim ou péssima por 20% dos entrevistados, enquanto o ensino técnico, a etapa mais bem avaliada, é visto como bom ou ótimo por 58% da população.
Curiosamente, a alfabetização aparece em primeiro lugar na lista das etapas que devem ser prioridade para o governo, apontada por quase um quarto (23%) dos brasileiros. Em seguida, vem as creches (16%), o ensino médio (15%) e, em último lugar, o ensino superior (6%).
Melhoria da qualidade do ensino: visão dos brasileiros
Ao serem questionados sobre o que poderia melhorar a qualidade do ensino, os brasileiros listaram como prioridades o aumento do salário dos professores (23%), a melhoria na capacitação dos professores (20%) e a melhoria das condições das escolas (17%).
“O Brasil não conseguiu cumprir a agenda da educação no século XX como outros países. Deveríamos estar discutindo inovação no século XXI, mas carregamos problemas estruturais, de qualidade e na matriz educacional, que travam nosso desenvolvimento. Precisamos melhorar a qualidade e ampliar a oferta da educação profissional”, conclui Lucchesi.
Este estudo nos mostra um retrato preocupante da educação no Brasil. Ainda temos muito trabalho a fazer para garantir que todos os brasileiros tenham acesso à educação de qualidade e oportunidades para continuar seus estudos ao longo da vida. Como sociedade, devemos priorizar a melhoria da educação para todos os estudantes, independentemente de sua idade, região ou situação socioeconômica.