Popular entre digitais influencers, ‘Jogo do Tigrinho’ é investigado pela polícia

Logo após a operação destinada a influenciadora digital Skarlete Mello, que promovia o ‘Jogo do Tigrinho‘, originalmente ‘Fortune Tiger’, a Polícia Civil do Maranhão agora investiga se há mais vítimas do jogo de azar, que é ilegal no Brasil e já causou prejuízos financeiros a usuários. Jair Paiva, delegado-geral da Polícia Civil afirma que há suspeita de que o jogo esteja ligado a um esquema de pirâmide financeira. Nesse tipo de esquema, pessoas são recrutadas para participar com promessa de retornos elevados.

Porém, para que os rendimentos sejam pagos, é preciso que outros membros entrem no grupo, que aportam dinheiro e progressivamente atraem ainda mais integrantes. Até agora, a suposta pirâmide financeira ainda é tratada apenas como hipótese. “A Plataforma do ‘Jogo do Tigrinho’ é um jogo proibido no Brasil. Temos informações de que várias pessoas tiveram prejuízo. As investigações seguem e, se for confirmada a existência de um esquema de pirâmide financeira. Os envolvidos serão devidamente responsabilizados”, pontuou o delegado.

O ‘Jogo do Tigrinho’ é um game de cassino online do tipo caça níquel, que promete ganhos em dinheiro. Porém, como em outros jogos de azar, pessoas tendem a perder dinheiro na plataforma. De acordo com a polícia, o sistema do ‘Jogo do Tigrinho’ é hospedado fora do país e não possui registro ou representantes no Brasil. “Recebemos denúncia de pessoas sendo remuneradas para estimular os consumidores a acessar jogos online que oferecem serviços não autorizados”, começou o superintendente da SEIC, Augusto Barros, que participou da operação no Maranhão que investiga o jogo.

“Daí, quando você convida alguém para participar, ajuda a impulsionar o engajamento em uma plataforma ilegal e, eventualmente, pode ter participação na ilegalidade. Um indicativo é que os influenciadores são pagos”, pontuou. No Brasil, o chamado Jogo do Tigrinho ficou famoso devido à extensa campanha que incluiu muitos influenciadores digitais e jogadores que compartilham suas supostas ‘táticas’ nas redes sociais.

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Porém, há a suspeita de que vídeos que mostram altos valores são feitos em contas usadas para testes (contas demo) do jogo, somente para simular ganhos reais e assim atrair novos jogadores.

Influenciadora do ‘Jogo do Tigrinho’ foi alvo de operação e teve bens apreendidos

Na última terça-feira (26), a influenciadora digital Skarlete Mello foi alvo da operação ‘Quebrando a Banca‘, da Polícia Civil do Maranhão, por colaborar com o Fortune Tiger, ‘Jogo do Tigrinho’ e ganhar dinheiro divulgando o game de apostas em suas redes sociais. No Instagram, Skarlete tem mais de 300 mil seguidores, ostenta riqueza e faz questão de divulgar o jogo, no qual ela diz que ‘Joga quem quer’. Também existem divulgações de vários jogos considerados ‘de azar’.

De acordo com a Polícia, foi detectada uma movimentação patrimonial incompatível com ao menos cinco investigados, incluindo a Skarlete e sua mãe. Valores altos que teriam sido conquistados por meio do jogo. Na operação, policiais foram até a residência de Skarlete, em São Luís, e cumpriram mandados de busca e apreensão que somam mais de R$ 1 milhão em bens. Foram apreendidas três motocicletas, quatro carros, incluindo dois veículos de luxo, um jet-ski, e a Justiça autorizou o bloqueio de R$ 8 milhões em conta bancária.

Os crimes associados à Skarlete são divulgação dos jogos de azar, loteria não autorizada, organização criminosa e lavagem de dinheiro, segundo a polícia. As investigadores apontaram ainda que Skarlete estaria fazendo uma rifa em que o prêmio seria um carro avaliado em R$ 299 mil. O carro era alugado e também foi apreendido. O carro anunciado no esquema como prêmio é um modelo Audi. Na divulgação da rifa, pelas redes sociais, a influenciadora digital explica que para ganhar o veículo podem ser feitos lances a partir de R$ 0,60.

Legalização dos Jogos de Fortuna: uma realidade?

O especialista em Direito de Jogos Filipe Senna, destaca ao N10 que os jogos de fortuna não podem ser caracterizados como atividade de rentabilidade, de lucratividade e de aumento de renda por parte dos jogadores. “Como se sabe, há uma presunção de hipossuficiência técnica e econômica do jogador, em relação a essa atividade. Perante os operadores, de maneira que esses jogos não são feitos para haver uma lucratividade constante por grande parte dos jogadores, e sim uma forma de entretenimento, uma forma de diversão”.

Ele ainda reforça que se trata de uma política importante de jogo responsável, o que significa que os jogadores não podem considerar a atividade como uma forma de “renda extra”, mas apenas como um entretenimento. A tendência mundial, que tem sido observada nas propostas de regulamentação no Brasil, é de que as operadoras não podem oferecer essa atividade como meio de lucratividade e aumento da renda. Mas sim apenas como uma forma de diversão, uma forma lúdica aos jogadores.

Na hipótese de legalização da atividade no Brasil, a partir da aprovação do projeto de lei que busca regulamentar os jogos de fortuna online e as apostas esportivas, o Fortune Tiger poderia ser ofertado por aqueles operadores ou por aquelas empresas que obtiverem uma licença de autorização no Brasil, a partir do cumprimento de regras e requisitos dispostos. Seja pelo Ministério da Fazenda, seja pelo Ministério do Esporte, quando confirmada a forma de regulação dessa atividade, conforme explica o especialista.

Assim, para se operar o Jogo do Tigrinho no Brasil, seria necessário que a empresa obtivesse uma autorização específica para essa atividade e oferecesse esse jogo com os critérios definidos pelo órgão regulador, com elementos de segurança, confiabilidade, jogo responsável e a vedação a possibilidade de oferta desse jogo com uma forma de se obter uma renda extra, rendimentos ou lucratividade pelo jogador. “Trata-se de uma atividade de entretenimento. Uma atividade recreativa e não uma forma de investimento, isso pautado pela regulamentação que se pretende aplicar no Brasil. Caso seja aprovada pelo Senado Federal”, pontua.

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