Aposta é entretenimento e não pode ser tratada como investimento, diz especialista
Pesquisa divulgada recentemente pela Anbima revelou que participação de brasileiros em plataformas de apostas online é sete vezes maior que na Bolsa de Valores.
Uma recente pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) revela que uma parcela significativa da população brasileira prefere as plataformas de apostas online em comparação aos investimentos tradicionais na Bolsa de Valores do Brasil (B3).
No ano de 2023, cerca de 14% dos brasileiros, aproximadamente 22,4 milhões de pessoas, participaram de apostas online. Em contraste, apenas 2% investiram em ações, enquanto 5% optaram por títulos privados e outros 2% por títulos públicos. Na prática, a participação de brasileiros em plataformas de apostas online (incluindo BETs e demais jogos on-line, como Jogo do Tigrinho, etc) é sete vezes maior que investindo na Bolsa de Valores.
Apesar dessa popularidade, a pesquisa indica que 70% dos apostadores não consideram as apostas online como uma forma de investimento. No entanto, uma proporção de 40% vê as apostas como uma oportunidade para ganhar dinheiro de forma rápida em momentos de necessidade.
Fabiano Jantalia, advogado e especialista em Direito de Jogos e Apostas, enfatiza a importância de compreender as apostas como uma forma de entretenimento, conforme definido pela Lei nº 14.790, de 2023. Jantalia alerta que as apostas esportivas não devem ser vistas como substitutas ao emprego ou como solução para problemas financeiros. “As apostas online devem ser oferecidas pelos operadores primariamente como meio de diversão, e não como investimento“, declara ele.
O especialista também destaca a necessidade de implementar políticas efetivas de jogo responsável para educar os apostadores sobre os riscos envolvidos e promover uma prática de apostas consciente e segura. “O jogo responsável é essencial para garantir uma experiência saudável e evitar problemas de compulsividade que podem ser prejudiciais ao apostador e à sua comunidade“, adiciona Jantalia.
Ele ressalta que, embora o mercado de jogos e apostas no Brasil esteja crescendo e se mostrando promissor, é fundamental que a exploração dessas atividades econômicas seja baseada em princípios de jogo responsável.
“Apenas assim podemos assegurar o desenvolvimento sustentável deste mercado, que tem o potencial de criar empregos e aumentar a arrecadação de impostos, mas que precisa ser gerido com responsabilidade e ética“, conclui Jantalia.