Petrobras eleva preço do Diesel em 6,6%: frete pode ficar mais caro?
A partir deste sábado (21), o diesel passa a ser comercializado no Brasil com reajuste de 6,6%, passando a ser vendido para distribuidoras a R$ 4,05 por litro. De acordo com a Petrobras, esse aumento representa uma adição de R$ 0,25 por litro. Vale destacar que desse montante, a parcela da Petrobras é, em média, R$ 3,56 a cada litro vendido ao consumidor final nas bombas.
Em contrapartida, a gasolina, que tantas vezes divide holofotes com o diesel, teve seu preço médio reajustado para baixo: saindo a R$ 2,81 por litro, uma diminuição de R$ 0,12.
Entendendo o impacto do diesel no frete
De acordo com especialistas do setor, as consequências desse aumento vão além da bomba de combustível. O diesel é elemento-chave na cadeia produtiva do país. Brendon Rodrigues, head de Inovação e Porteio da ValeCard, destaca: “75% da produção brasileira é transportada via modal rodoviário.” Portanto, qualquer variação no preço do diesel tem reflexos diretos no custo do frete.
O economista e professor do Ibmec RJ, Gilberto Braga, explica que “o diesel tem impacto direto no custo de transporte, pois a frota rodoviária de carga é predominantemente movida a diesel. Produtos mais pesados, que consomem mais combustível, consequentemente, terão um frete mais caro, enquanto produtos mais leves serão menos afetados“. No mesmo compasso, Braga ainda alerta que o transporte urbano, também movido a diesel, pode sofrer reajustes tarifários, caso contratos previamente estabelecidos assim determinem.
Impacto do aumento do diesel no custo do frete
A recente alteração no preço do diesel inevitavelmente exerce pressão sobre o custo do frete. Com o diesel mais caro, transportadoras podem enfrentar um aumento em seus custos operacionais. Para empresas e indústrias que dependem do transporte rodoviário para distribuir seus produtos, essa variação pode significar ajustes nos preços finais ao consumidor.
Repassando o aumento do diesel para o frete
O repasse do aumento do diesel para o frete não é uma ciência exata e pode variar de uma empresa para outra. Geralmente, as transportadoras avaliam o impacto do aumento do diesel em seus custos totais e, em seguida, decidem sobre um possível reajuste nas tarifas de frete. Essa decisão, porém, precisa ser ponderada, pois aumentos muito acentuados podem afastar clientes e reduzir a competitividade no mercado.
Consequências do aumento do frete para a economia
A elevação do frete ressoa em diversas esferas da economia. Primeiramente, há uma tendência de repasse desses custos ao consumidor final, o que pode acarretar em inflação. Setores como o de alimentos, por exemplo, podem sofrer mais expressivamente, já que a logística tem um peso significativo na composição do preço final.
Além disso, com frete mais caro, a circulação de bens e mercadorias pelo país pode ser desacelerada, o que afeta diretamente a cadeia produtiva e a disponibilidade de produtos nas prateleiras. A longo prazo, isso pode restringir o crescimento econômico e desencorajar investimentos no setor produtivo.
Todavia, o cenário não é inteiramente sombrio. A relação entre o preço do diesel e outros setores pode ser menos direta, mas não menos significativa. Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, afirma que houve um corte no preço da gasolina, que, segundo ele, tem mais peso que o diesel no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Portanto, “o mercado está fazendo revisões da inflação para baixo“, benefício sentido especialmente por setores dependentes de frete.
No entanto, a inflação brasileira ainda enfrenta desafios. Em setembro, o IPCA registrou uma alta de 2,70% no item combustíveis. Dessa porcentagem, o diesel teve uma elevação de 10,11%. Na corrida anual contra a inflação, o acumulado fechou em 5,19%, um número que se distancia da meta do Banco Central.
Jorge, ao analisar o panorama atual, esclarece que as projeções para o IPCA de 2023 oscilam entre 4,50 p.p. e 4,70 p.p.
Oscilações e perspectivas: a visão da ValeCard
Dados da ValeCard indicam que, no período de 13 a 19 de outubro, o preço do diesel nos postos apresentou leve queda de 0,24%. Isso mostra que, apesar das tendências, o mercado de combustíveis é inerentemente instável, sendo influenciado por uma série de fatores internos e externos.
Nesse cenário dinâmico, as constantes variações nos preços dos combustíveis reafirmam a complexa relação entre o diesel, frete e a saúde da economia brasileira. Consumidores, transportadoras e empresas devem se manter atentos, pois, em um país de dimensões continentais como o Brasil, o transporte rodoviário e seu principal combustível, o diesel, continuam sendo protagonistas de nossa história econômica.