Petrobras reduziu em 76% o número de empregos no Nordeste
Nos últimos nove anos, a Petrobras, gigante estatal do petróleo, reduziu acentuadamente o número de empregos no Nordeste, uma medida que a empresa afirma ser parte de um “plano estratégico“. O corte chega a 76% dos trabalhadores na região, uma mudança significativa para uma das principais empregadoras do Brasil.
Segundo levantamento realizado pelo Dieese em parceria com a Federação Única dos Petroleiros (FUP), a Petrobras, que já contou com 17,4 mil trabalhadores no Nordeste em 2013, agora tem apenas 4,1 mil. Este artigo, que usa dados obtidos junto ao Estadão, busca compreender melhor essa tendência e o que ela representa para a economia nordestina e a Petrobras como um todo.
Privatização e redução de empregos
A FUP afirma que a redução drástica no número de empregos na Petrobras no Nordeste é uma consequência direta da privatização da empresa. Como parte desse processo, a Petrobras tem concentrado suas operações no Sudeste, vendendo ativos no Nordeste e reduzindo a força de trabalho na região.
Essa mudança de estratégia, segundo Cloviomar Cararine, economista do Dieese, reflete o foco da Petrobras em ativos mais rentáveis e em entregar maiores lucros e dividendos aos seus acionistas. No entanto, essa decisão teve um impacto significativo sobre os empregos na região Nordeste, especialmente na Bahia.
A venda de ativos e o impacto na Bahia
O Nordeste foi a região mais afetada pela estratégia de venda de ativos da Petrobras. No total, a empresa vendeu 34 ativos avaliados em US$ 8,1 bilhões durante os últimos nove anos, com a região respondendo por 42% das unidades privatizadas.
A Bahia, especificamente, sentiu o golpe mais duramente. A venda da refinaria Landulpho Alves (Rlam) pelo valor de US$ 1,65 bilhão, considerada por muitos como abaixo do valor de mercado, marcou uma mudança significativa na presença da Petrobras na região.
O foco no Sudeste e o pré-sal
Em resposta ao Estadão, a Petrobras explicou que a decisão de se concentrar no Sudeste foi baseada em seu plano estratégico, visando reduzir o endividamento e priorizar investimentos de maior valor. O pré-sal, uma vasta reserva de petróleo offshore descoberta ao largo da costa do Sudeste do Brasil, é um desses investimentos prioritários.
Ainda assim, a redução da presença da Petrobras não se limita ao Nordeste. De acordo com o levantamento, o número total de trabalhadores da Petrobras caiu 48% desde 2013, passando de 86,1 mil para 45,1 mil em 2022.
Redução de custos e ajustes na empresa
Além do foco estratégico na exploração do pré-sal, a Petrobras afirmou que os cortes de empregos em todas as regiões do país foram resultado dos programas de Desligamento Voluntário (PDV), usados como uma ferramenta de gestão para reduzir custos e adequar o perfil da empresa.
À medida que a Petrobras busca alinhar suas operações com uma nova realidade de mercado, a redução no número de empregos em todas as regiões do país mostra a extensão das mudanças em andamento na empresa. Os trabalhadores do Nordeste, e em particular da Bahia, foram os mais afetados por essas transformações, evidenciando o desafio contínuo de equilibrar estratégias de negócios, lucratividade e impactos sociais.