Indústria brasileira registra quinta queda consecutiva nos preços, com deflação de 2,72% em junho

Recuaram em 2,72% os preços nas indústria em junho frente a maio, registrando o quinto mês seguido de queda. No ano o resultado chegou a -6,46%, o menor índice já registrado para um mês de junho desde o início da série histórica em 2014. Já o acumulado em 12 meses ficou em -12,37%, também a menor taxa da série histórica.

Nesta quinta-feira (27) de acordo com os dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP) divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra-se que em junho 19 das 24 atividades industriais investigadas pela pesquisa tiveram variações negativas em relação a maio.

“A indústria brasileira convive com quase um ano de deflação na porta da fábrica. No acumulado em 12 meses, é a primeira vez que o indicador atinge dois dígitos de variação negativa. É importante ter em vista o efeito da queda continuada dos preços de commodities chave. Que tem barateado os custos de produção ao longo das cadeias produtivas nacionais, tornado produtos importados básicos mais competitivos e reduzido a receita unitária de venda do exportador brasileiro. Todo esse efeito é maximizado pela apreciação cambial dos últimos meses”, pontua o analista do IPP, Felipe Câmara.

Grafico IBGE 2023 7 27

Segundo as informações apresentadas pelo IBGE as quatro variações mais intensas foram: indústrias extrativas (-10,52%), refino de petróleo e biocombustíveis (-6,32%), outros produtos químicos (-5,01%), e papel e celulose (-4,40%). Nesse sentido o setor industrial de alimentos teve o maior destaque na composição do resultado agregado, na comparação entre os preços de junho e os de maio. A atividade foi responsável por -0,83 ponto percentual (p.p.) de influência na variação de -2,72% da indústria geral.

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“A conjuntura também tem o reforço da oferta abundante de matéria-prima para a fabricação de alimentos. O que em junho foi determinante para que essa atividade fosse a principal responsável pelo recuo do IPP em relação a maio. As indústrias extrativas, o refino e a química, também foram destaques em termos de influência, juntas essas quatro atividades representam quase 50% no cálculo do IPP e todas foram afetadas por um ou mais dos fatores que citei anteriormente”, conclui o analista da pesquisa.

O impacto da indústria de alimentos

No mês de junho os preços da indústria dos alimentos obteve variação de -3,35%, segunda negativa consecutiva e quarta no ano. Exercendo o maior impacto no IPP. Em agosto de 2022 registrou a taxa negativa mais intensa -3,50%. Já no acumulado do ano, a variação é de -5,04%, um cenário distinto ao de um ano atrás, quando a variação alcançava 7,89%.

No acumulado em 12 meses a taxa é de -7,56% é a segunda negativa mais intensa da série, estando muito próxima da de setembro de 2017, -7,57%. “Na fabricação de alimentos, uma combinação de safras expressivas, maior volume de abate e melhora do escoamento têm se somado para contribuir para a deflação no setor. Produtos com grande peso, como os derivados da soja, carnes e aves e o açúcar VHP, apresentaram menores preços em função desses eventos”, enfatiza Felipe.

“Em uma visão geral e de mais longo prazo, vemos que o processo deflacionário do IPP, que se iniciou com o choque de preços de bens intermediários, se disseminou e vem sendo repassado ao longo das cadeias. Os bens de consumo na porta da fábrica já apresentam o terceiro mês consecutivo de taxas negativas em 12 meses, com -4,99% em junho, um movimento que tem sido acompanhado de desaceleração inflacionária também nos índices de preço ao consumidor final”, conclui o analista.

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