China dispara na corrida espacial com os EUA e lança sonda para o ‘lado oculto’ da Lua
A missão de dois meses visa coletar amostras do outro lado da lua e faz parte de um programa chinês que visa enviar uma tripulação à Lua até 2030.
A China lançou a sonda Chang’e-6 nesta sexta-feira (3) com o objetivo de coletar amostras do lado mais distante da Lua, mais conhecido como o “lado oculto da Lua”, uma façanha nunca antes realizada. O lançamento ocorreu no Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, localizado na província de Hainan, no sul da China, às 17:30 horário local (09:30 GMT), conforme reportado pela agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
A missão, que não conta com tripulação, foi lançada a bordo de um foguete Longa Marcha-5. Cerca de 37 minutos após o lançamento, a sonda Chang’e-6 se separou do foguete e entrou em uma órbita de transferência Terra-Lua, com uma altitude de perigeu de 200 quilômetros e apogeu de aproximadamente 380.000 quilômetros. O sucesso do lançamento foi confirmado pela Administração Espacial Nacional da China (CNSA).
A previsão é que a sonda leve cerca de quatro dias para alcançar a órbita lunar. Após orbitar a Lua para redução de velocidade, o módulo de pouso se separará do módulo de retorno, com a previsão de pouso no início de junho. A Chang’e-6 deverá passar dois dias coletando aproximadamente 2 quilogramas de amostras antes de retornar à Terra.
A escolha do local de pouso e coleta de amostras é a impactante cratera Apollo, situada dentro da Bacia do Polo Sul-Aitken (SPA), que é a maior e mais antiga cratera de impacto na Lua e no sistema solar. As amostras recolhidas podem fornecer informações importantes sobre o ambiente lunar e a composição material dessa região pouco explorada.
O lado mais distante da Lua, frequentemente chamado de “lado escuro”, é notoriamente difícil de alcançar e explorar devido à sua topografia acidentada e à falta de linha de visão direta com a Terra para comunicação. Para superar isso, a China lançou anteriormente o satélite de retransmissão Queqiao-2, facilitando a comunicação com a sonda.
A missão também enfrenta desafios tecnológicos significativos, como o design e controle de órbitas retrógradas lunares, amostragem inteligente rápida e decolagem do lado mais distante da Lua, conforme explicado por Wang Qiong, vice-chefe de design da missão Chang’e-6.
A missão Chang’e-6 carrega quatro cargas úteis desenvolvidas através de cooperação internacional, incluindo instrumentos científicos da França, Itália e da Agência Espacial Europeia/Suécia, e um pequeno satélite do Paquistão no orbitador. Essa colaboração ocorre apesar das restrições dos EUA à colaboração espacial com a China, baseadas nas preocupações de que o programa espacial chinês possa ter aplicações militares.
Ambições espaciais da China
Este lançamento é mais um marco nas ambições espaciais da China sob a liderança do Presidente Xi Jinping, que tem investido intensamente no programa espacial do país. A China já alcançou feitos notáveis como a construção de sua própria estação espacial, Tiangong, e o pouso de rovers em Marte e na Lua. Olhando para o futuro, a China planeja enviar uma missão tripulada à Lua até 2030 e trazer amostras de Marte no mesmo ano.