Betelgeuse desaparecerá temporariamente do céu na próxima semana
Betelgeuse, uma das estrelas mais proeminentes e facilmente reconhecíveis no céu noturno, tem intrigado astrônomos e entusiastas do espaço nos últimos anos. Localizada na constelação de Órion, essa supergigante vermelha é conhecida não só por sua intensa luminosidade, mas também pelo seu comportamento peculiar.
Nos últimos anos, Betelgeuse atraiu atenção global ao escurecer de forma abrupta em 2019. Esse fenômeno levantou diversas hipóteses na comunidade científica, com especulações sobre a possibilidade de a estrela estar prestes a explodir. Esse tipo de variação no brilho de uma estrela não é comum e levou a um aumento significativo na observação e estudo de Betelgeuse por astrônomos ao redor do mundo.
A importância científica do eclipse de Betelgeuse
Em um evento astronômico raro e altamente antecipado, cientistas preveem que Betelgeuse quase desaparecerá da vista terrestre em 12 de dezembro de 2023. Este fenômeno é atribuído à passagem do asteroide 319 Leona, que eclipsará a estrela por até cinco segundos, similarmente a como a Lua pode eclipsar o Sol. O eclipse será observável em locais específicos da Terra, proporcionando uma oportunidade única para observações e estudos detalhados.
Para observadores na Europa do Sul, o pico do evento ocorrerá nas primeiras horas da madrugada de 12 de dezembro, com horários específicos variando conforme a localização. Por exemplo, em Córdoba, Espanha, o ponto médio do evento será aproximadamente às 2:15 da manhã, horário local. Já em Miami, Flórida, o evento será visível por volta das 20:24 do dia 11 de dezembro, horário local.
O eclipse temporário de Betelgeuse pelo asteroide 319 Leona é mais do que um espetáculo astronômico; representa uma oportunidade única para os cientistas. Segundo Miguel Montargès, astrofísico do Observatório de Paris, este evento é excepcional, sendo uma oportunidade única na vida para estudar a física estelar em detalhes sem precedentes.
A ocultação de Betelgeuse pelo asteroide pode revelar informações cruciais sobre o movimento do gás quente carregado em torno da estrela, um processo conhecido como células convectivas da estrela. Esses dados são fundamentais para entender como os sistemas planetários, incluindo o nosso, são formados. Além disso, o evento ajudará a compreender a física por trás das supergigantes vermelhas e como elas lançam seu vento estelar, o que pode ser um fator crucial na criação de novos sistemas solares.
Montargès e sua equipe estão coordenando um grupo de cerca de 80 astrônomos amadores em toda a Europa para observar e coletar o máximo de informações possível durante o evento. Se o tempo colaborar, eles esperam obter imagens detalhadas da superfície de Betelgeuse, contribuindo significativamente para o entendimento das características de convecção e do papel que desempenham no lançamento do vento estelar da supergigante.
Como observar o eclipse de Betelgeuse
Infelizmente, este evento não será visível no Brasil. Para aqueles interessados em testemunhar este raro evento astronômico, é importante estar no caminho estreito de cerca de 60 quilômetros de largura que passará por partes do sul da Europa, cruzando o Oceano Atlântico até o sul da Flórida e parte do México. Observadores em locais como o sul da Espanha, Portugal, Grécia, Turquia e até a ponta do sul da Flórida terão a oportunidade de ver Betelgeuse se tornar mais fraca ou até mesmo desaparecer por vários segundos.
Para uma observação eficaz, é necessário um telescópio potente e a utilização de filtros específicos, como vermelho, verde ou azul. Além disso, recomenda-se gravar o evento com uma câmera com no máximo 50 milissegundos de tempo de exposição. É crucial registrar com precisão a latitude e longitude do local de observação, e idealmente, as gravações devem ser sincronizadas ao milissegundo, o que pode ser feito com um inseridor de tempo controlado por GPS ou usando aplicativos dedicados.
Astrônomos amadores que participarem do evento são incentivados a compartilhar suas observações com grupos locais que monitoram o evento, como a International Occultation Timing Association (IOTA), que fornece detalhes adicionais em seu site. Além disso, para aqueles que não estão na região de visibilidade direta, o Virtual Telescope Project transmitirá o evento ao vivo online a partir das 20h ET do dia 11 de dezembro: