‘Pastor do PCC’ é condenado a 84 anos de prisão no RN por lavagem de dinheiro
Durante a apuração, foi constatado que o grupo teria movimentado mais de R$ 23 milhões por meio de operações financeiras suspeitas, incluindo depósitos não identificados, compra de imóveis e até a utilização de igrejas evangélicas para disfarçar as atividades ilícitas.
O pastor Geraldo dos Santos Filho, conhecido como pastor Júnior, foi condenado a 84 anos, 11 meses e 20 dias de prisão por crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele utilizava igrejas evangélicas para movimentar dinheiro em benefício do Primeiro Comando da Capital (PCC), conforme revelou a Operação Plata, deflagrada em fevereiro de 2023 pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) e com penas impostas nesta sexta-feira (6) pela Justiça.
A investigação inicial teve como objetivo desmantelar uma complexa rede de lavagem de dinheiro que funcionava em vários estados do Brasil.
Além de Geraldo, outras seis pessoas foram condenadas pela participação no esquema, entre elas, seu irmão Valdeci Alves dos Santos, conhecido como Colorido, um dos principais líderes do PCC nas ruas até sua prisão em 2022, após ser abordado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Pernambuco.
A ação do MPRN revelou que a organização criminosa ocultava a origem e a propriedade de bens adquiridos com o dinheiro oriundo de atividades ilegais, incluindo a compra de imóveis, fazendas e gado, além da movimentação de recursos através de contas de terceiros e igrejas.
Investigações detalhadas
As investigações, iniciadas em 2019, foram conduzidas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRN, com apoio das forças de segurança do Rio Grande do Norte, de outros Ministérios Públicos Estaduais e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). Durante a apuração, foi constatado que o grupo teria movimentado mais de R$ 23 milhões por meio de operações financeiras suspeitas, incluindo depósitos não identificados, compra de imóveis e até a utilização de igrejas evangélicas para disfarçar as atividades ilícitas.
As provas obtidas durante a operação indicam que os crimes praticados pelos irmãos Santos tinham como objetivo principal financiar atividades do PCC e beneficiar familiares e pessoas próximas. Entre os bens adquiridos estavam fazendas e grandes rebanhos de gado, todos registrados em nome de “laranjas”, para ocultar a verdadeira origem do patrimônio.
Liderança no PCC e prisão de Valdeci Alves dos Santos
Valdeci Alves dos Santos, o Colorido, era apontado pelas autoridades como uma das figuras mais influentes do PCC fora dos presídios, sendo considerado a segunda liderança da facção criminosa nas ruas até sua prisão. Ele comandava o esquema de tráfico de drogas e lavagem de dinheiro do grupo e possuía forte atuação no Rio Grande do Norte, além de conexões com outros estados, como Ceará, São Paulo, Minas Gerais e Distrito Federal. A operação contra o grupo foi ampla, envolvendo os Ministérios Públicos desses estados e revelando a atuação do PCC em várias frentes de negócios ilegais.
Colorido foi preso em abril de 2022, em uma blitz da PRF no sertão pernambucano, o que foi um golpe significativo contra a estrutura do PCC nas ruas. O pastor Geraldo, seu irmão, foi considerado peça-chave na lavagem de dinheiro da facção, especialmente por utilizar sua posição de líder religioso para mascarar as transações.
Condenações e penas impostas aos envolvidos
Além de Geraldo e Valdeci, outros membros da organização também foram sentenciados pela Justiça, totalizando sete condenados. As penas impostas variam de 12 a 84 anos de prisão, conforme a gravidade dos crimes cometidos. Veja a seguir as condenações detalhadas:
- Geraldo dos Santos Filho: 84 anos, 11 meses e 20 dias de prisão, além de 299 dias-multa.
- Gilvan Juvenal da Silva: 23 anos e 8 meses de prisão, mais 87 dias-multa.
- Valdeci Alves dos Santos: 17 anos, 3 meses e 20 dias de prisão, além de 64 dias-multa.
- Thais Cristina de Araújo Soares: 19 anos de prisão e 70 dias-multa.
- Lucenildo Santos de Araújo: 13 anos e 6 meses de prisão, mais 52 dias-multa.
- Joaquim Neto dos Santos: 12 anos e 8 meses de prisão, além de 50 dias-multa.
- Roberto dos Santos: 13 anos de prisão e 50 dias-multa.
As autoridades acreditam que a condenação desse grupo representou um passo importante na desarticulação da lavagem de dinheiro do PCC, já que a facção utiliza métodos sofisticados para ocultar os lucros do tráfico de drogas e outras atividades criminosas.