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Pesquisa revela demanda crescente por licença-paternidade estendida no Brasil

Mais de 80% dos pais desejam licença-paternidade estendida, sendo 26% deles superior a 120 dias ou mais, assim como a Licença Maternidade.

Um estudo recente conduzido pela consultoria Filhos no Currículo e pelo Talenses Group, em parceria com o Movimento Mulher 360, revelou que 82% dos pais gostariam de uma licença-paternidade mais longa. Dos entrevistados, 34% preferem uma licença superior a 21 dias; 26% optariam por mais de 120 dias, e 22% querem entre 6 e 22 dias. Apenas 11% estão satisfeitos com os atuais cinco dias previstos na Constituição.

Quando questionadas, 41% das mães indicaram que licenças igualitárias seriam o benefício ideal a ser oferecido pelas empresas, enquanto apenas 1% concorda com a licença-paternidade de cinco dias. Em comparação, 26% dos pais também apoiam a licença igualitária. Esse contraste entre as opiniões de mães e pais ressalta a necessidade de um diálogo mais profundo sobre as expectativas e necessidades de ambos os gêneros em relação à parentalidade e ao papel das empresas no suporte às famílias.

Impacto no ambiente de trabalho

A pesquisa, que envolveu 803 colaboradores de diversas empresas, destacou que 69% dos homens consideram a oferta de uma licença-paternidade estendida um fator relevante na decisão de permanecer ou trocar de emprego. Além disso, 91% dos pais e 95% das mães acreditam que uma licença mais longa ajudaria os pais a assumirem um papel mais ativo na criação dos filhos, promovendo um equilíbrio de gênero nas responsabilidades familiares. Esse benefício não apenas auxilia no desenvolvimento dos laços familiares, mas também reflete um compromisso com a igualdade e o bem-estar no ambiente de trabalho.

Os dados indicam que a licença estendida está entre os cinco principais benefícios que poderiam motivar os colaboradores a buscar novas oportunidades, mesmo gostando de suas empresas atuais. Entre os pais, há uma preferência por “direitos garantidos de retorno no mesmo cargo”, enquanto as mães valorizam um “retorno gradual ou jornada flexível” após a licença. Esse desejo por flexibilidade e segurança no retorno ao trabalho mostra a importância de políticas de recursos humanos que considerem as necessidades específicas de pais e mães.

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A pesquisa identificou comportamentos que levam os profissionais a considerar a busca por novas oportunidades de emprego, como discriminação contra pais e mães, demissões após retorno da licença e a falta de segurança psicológica para cumprir compromissos familiares. 79% das mães e 62% dos pais consideram inaceitável a falta de segurança psicológica para participar de compromissos com os filhos. A percepção de um ambiente hostil ou desrespeitoso pode levar à insatisfação e à alta rotatividade de funcionários, prejudicando a produtividade e o clima organizacional.

Mães também têm uma visão ligeiramente mais pessimista que os pais quando perguntadas se seu ambiente trabalho é um bom lugar para figuras parentais: 54% delas discordam em alguma medida ou concordam pouco versus 43% dos pais.

Novas habilidades profissionais e oportunidade nos processos parentais

A pesquisa também perguntou aos entrevistados quais as novas habilidades eles acreditam ter desenvolvido com a chegada da paternidade/maternidade, e na criação de seus filhos, que os agregam como profissionais.  ‘Paciência’, ‘empatia’ e ‘resiliência’ foram apontadas como as principais habilidades adquiridas. Destaque para o crescimento da habilidade de ‘liderança’ em relação a levantamentos anteriores, indicando maior consciência dos entrevistados quanto à relevância da parentalidade como potência em suas carreiras. Somente 1% da base não acredita ter desenvolvido nenhuma habilidade no exercício parental que agregue a seus currículos.

Cerca de 48% dos entrevistados revelaram que raramente ou nunca tiveram acesso a treinamentos relacionados à parentalidade. Além disso, 30% mencionaram que os processos de avaliação e remuneração raramente garantem igualdade de direitos e tratamento justo, indicando a necessidade de revisão dos sistemas de reconhecimento e salários, especialmente à luz da nova lei de equiparação salarial. A falta de treinamentos adequados sobre parentalidade pode resultar em uma gestão ineficiente das demandas dos pais e mães no ambiente corporativo, afetando sua performance e satisfação no trabalho.

Para Vinícius Bretz, especialista em parentalidade da Filhos no Currículo, os dados revelam um avanço na percepção dos colaboradores sobre seus direitos e a necessidade de isonomia nas políticas parentais. Ele adverte que as organizações correm o risco de perder talentos para empresas mais maduras no tema se não incorporarem benefícios que permitam a presença ativa dos pais no cuidado das crianças.

Carla Fava, diretora de recursos humanos do Instituto Talenses Group, ressalta que os resultados destacam a necessidade de mudança nas dinâmicas familiares e o compromisso das empresas com a igualdade de responsabilidades parentais. Ela afirma que a licença-paternidade estendida é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças e para o bem-estar dos colaboradores, refletindo positivamente na saúde mental dos pais, na reputação das empresas e na construção de uma sociedade mais igualitária.

A pesquisa demonstra que é importante que os homens assumam um papel de igualdade no cuidado dos filhos, o que é essencial para o desenvolvimento saudável das crianças. Além disso, é crucial que as empresas reconheçam e promovam a importância da licença paternidade estendida. Essa prática demonstra o compromisso da companhia com a equidade e o bem-estar dos seus colaboradores, e, como resultado, ganham em produtividade e imagem positiva.”

Rafael Nicácio

Estudante de Jornalismo, conta com a experiência de ter atuado nas assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte e da Universidade Federal (UFRN). Trabalha com administração e redação em sites desde 2013 e, atualmente, administra o Portal N10 e a página Dinastia Nerd. E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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