Anderson Torres depõe à CPMI do 8 de Janeiro usando tornozeleira eletrônica
Nesta terça-feira (8) o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal Anderson Torres prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) Mista dos Atos Golpistas usando uma tornozeleira eletrônica. Em 14 de janeiro, Torres foi preso por suspeita omissão nos ataques do dia 8 do mesmo mês.
Porém, após quase quatro meses o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal (STF) permitiu a sua soltura com o cumprimento de medidas cautelares como o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de o ex-ministro estabelecer comunicação com outros investigados.
Durante o depoimento Anderson Torres foi ouvido como testemunha na CPI, suspeito de colaborar com os golpistas ou se omitir no enfrentamento aos atos de terrorismo que danificaram as sedes dos três poderes em janeiro. Confira os pontos afirmados por ele no depoimento desta terça-feira:
- Que faltaram policiais para conter atos de 8 de janeiro
- Os atos de 8 de janeiro foram ‘lamentáveis’ e que sempre atuou de forma ‘técnica’
- A minuta do golpe era ‘fantasiosa’ e ‘aberração’ sem ‘validade jurídica’
- Não questionou resultado das urnas e negou leniência com acampamentos bolsonaristas, ‘Não havia indícios prévios da violência que ocorreria nos atos de 8 de janeiro: ‘Só se caísse uma bomba’
Ainda em sua declaração o ex-ministro da Justiça afirmou que não sabe quem escreveu a minuta de um decreto para instaurar Estado de Defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). “Vários documentos vinham de diversas fontes para que fossem submetidos ao ministro”, começou Torres.
“Um desses documentos deixados para descarte foi o texto chamado de minuta do golpe. Basta uma breve leitura para que se perceba ser imprestável para qualquer fim, uma verdadeira aberração jurídica. Esse papel não foi para o lixo por mero descuido. Não sei quem entregou esse documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido”, afirmou.
Anderson Torres ainda pontuou que nunca cogitou enviar o documento para alguém. De acordo com ele, a minuta foi parar em sua casa porque ele sempre levava documentos do Ministério da Justiça e Segurança Pública para analisar na residência. “Em razão da sobrecarga de trabalho“.
Relatora da CPMI não acredita em Anderson Torres
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro não acredita na versão apresentada pelo ex-secretário de Segurança do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres. De que a “minuta do golpe”, encontrada em sua casa, fosse ser descartada.
“No documento do Ministério Público Federal, a PGR (Procuradoria-Geral da República), em um dos pontos diz o seguinte. ‘Não se trata de documento que seria jogado fora, estando, ao invés, muito bem guardado.”, afirmou a relatora.
Durante o depoimento de Torres nesta terça-feira, o deputado Rafael Brito (MDB-AL) rebateu os argumentos apresentados por ele. “O senhor manteve em sua casa uma minuta de golpe de Estado e o senhor disse que recebeu a minuta de alguém. Isso está confrontando com a perícia da Polícia Federal, que disse que na minuta só tinham três impressões digitais: a do senhor, a do delegado da Polícia Federal e a de um advogado do senhor.”
Brito ainda enfatizou que era dever do ministro “representar contra a ilegalidade” da minuta. Anderson Torres negou que tivesse imprimido o documento e disse que a perícia “deveria ter encontrado” outra digital.