Salários de mulheres no RN são quase 20% menores que os dos homens
Documento reúne informações de 496 empresas potiguares com 100 ou mais funcionários. No país como um todo, as mulheres ganham 20,7% a menos do que os homens.
No Rio Grande do Norte, as mulheres continuam a enfrentar uma significativa disparidade salarial em relação aos homens, com uma diferença média de 19,5%, conforme o 2º Relatório de Transparência Salarial.
O levantamento foi realizado pelos Ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e das Mulheres, com base em dados fornecidos por empresas que possuem 100 ou mais funcionários, em cumprimento à Lei de Igualdade Salarial (Lei nº 14.611/2023), que visa a equiparação de salários entre gêneros quando desempenham funções semelhantes em termos de produtividade e eficiência.
No relatório, foi destacado que os homens recebem, em média, R$ 2.658,20, enquanto as mulheres têm uma remuneração de R$ 2.139,65. Essa diferença varia conforme o setor de atuação. Nos cargos de dirigentes e gerentes, por exemplo, a desigualdade aumenta para 28,2%.
O estudo é uma continuidade do primeiro relatório apresentado em março, quando os dados revelaram que as mulheres no estado recebiam, em média, 76,1% dos salários pagos aos homens. Em 2024, 496 empresas potiguares participaram do levantamento, somando cerca de 174,9 mil trabalhadores. O primeiro relatório envolveu 500 empresas e um total de 168,2 mil funcionários.
Além da desigualdade salarial entre gêneros, o recorte racial evidencia outra camada de disparidade. No RN, as mulheres negras são maioria nas empresas analisadas, com um total de 39,1 mil funcionárias, em comparação com 26 mil mulheres não negras. No entanto, a remuneração média das mulheres negras é 19,3% inferior à das não negras. Entre os homens, a diferença entre negros e não negros é de 14,4%.
Categoria | Remuneração Média |
---|---|
Homens | R$ 2.658,20 |
Mulheres | R$ 2.139,65 |
Homens Negros | R$ 2.514,82 |
Homens Não Negros | R$ 2.938,71 |
Mulheres Negras | R$ 1.952,47 |
Mulheres Não Negras | R$ 2.418,15 |
Número de Empresas Participantes | 496 empresas com 100 ou mais funcionários |
O relatório também apontou a atuação das empresas no estado em relação a políticas de promoção da equidade de gênero e raça. Segundo o documento, 47,6% das empresas no Rio Grande do Norte possuem planos de cargos e salários. Destas, 22,7% promovem políticas de incentivo à contratação de mulheres, enquanto 30,7% implementam iniciativas para promover mulheres a cargos de direção e gerência. No que diz respeito à contratação de mulheres negras, 15,2% das empresas possuem incentivos específicos, e 12,9% adotam políticas voltadas à contratação de mulheres LGBTQIAP+.
No contexto nacional, o cenário não é muito diferente. O 2º Relatório de Transparência Salarial revela que, no Brasil, as mulheres ganham 20,7% a menos que os homens. Mais de 50 mil empresas participaram do estudo, abrangendo quase todas as companhias com mais de 100 funcionários no país. A diferença salarial entre homens e mulheres, assim como no Rio Grande do Norte, varia conforme o setor. Em cargos de alta gestão, a disparidade chega a 27%.
Quando se considera o recorte racial nacional, a situação das mulheres negras é ainda mais desafiadora. Elas recebem em média R$ 2.745,76, enquanto as não negras alcançam R$ 4.249,71, uma diferença de 54,7%. Entre os homens, os negros recebem R$ 3.493,59, e os não negros, R$ 5.464,29, gerando uma discrepância de 56,4%.
A diretora de Programa do MTE, Luciana Nakamura, ressaltou a importância da transparência e fiscalização no cumprimento da igualdade salarial, prevista na CLT desde 1943. “Queremos que as empresas olhem para as desigualdades salariais dentro do ambiente de trabalho e, assim, possam promover a igualdade entre homens e mulheres. Por isso, a publicação do relatório é importante, porque vai revelar a desigualdade dentro daquele estabelecimento”, afirmou.
Já a subsecretária de Estatísticas e Estudos do MTE, Paula Montagner, destacou a concentração das mulheres negras em setores de base, como serviços domésticos, alimentação e saúde básica. “As mulheres negras estão concentradas na base da pirâmide, principalmente serviços domésticos, serviços de limpeza, serviços de alimentação, de saúde básica, nos serviços públicos e nas atividades de gerenciamento e direção”, comentou Montagner.
Esse novo relatório oferece uma visão detalhada sobre a desigualdade de gênero e raça no mercado de trabalho, evidenciando a necessidade urgente de políticas mais eficazes para enfrentar essas diferenças e promover um ambiente laboral mais inclusivo.