Voepass diz que avião que caiu em Vinhedo era ‘sensível’ ao gelo
No entanto, empresa garantiu que sistema de degelo funcionava.
A companhia aérea Voepass confirmou que o avião ATR 72, que se acidentou em Vinhedo (SP), resultando na morte de 61 pessoas, possuía uma sensibilidade conhecida ao gelo. Entretanto, a empresa assegurou que o sistema de degelo estava funcionando normalmente no momento da decolagem.
As imagens da queda, que mostram a aeronave em movimento circular antes de se chocar com o solo, levantaram suspeitas sobre a possibilidade de o acidente ter sido causado por acúmulo de gelo nas asas ou em outras partes da fuselagem.
Durante uma coletiva de imprensa em Ribeirão Preto (SP), Eduardo Busch, CEO da Voepass, declarou: “A gente não sabe se pode ter tido pane durante o voo, mas, quando decolou, o sistema de deicing [degelo] estava 100% operacional”.
Marcel Moura, diretor de operações da companhia, ressaltou que o ATR 72 é mais sensível ao gelo em comparação com outras aeronaves, mas enfatizou que ainda é cedo para apontar qualquer causa definitiva.
“O ATR tem uma sensibilidade um pouco maior a uma situação de gelo, que não é descartada, como também nenhuma hipótese é descartada neste momento“, afirmou Moura. Ele acrescentou ainda que, na noite anterior à tragédia, o avião passou por manutenção de rotina na base técnica da empresa em Ribeirão Preto e estava em perfeitas condições de aeronavegabilidade.
Moura também informou que, no dia do acidente, havia previsão de gelo, mas dentro dos parâmetros aceitáveis para o voo. A Voepass mencionou que todos os passageiros eram portadores de RG e CPF, sugerindo que eram brasileiros, mas não descartou a possibilidade de alguns possuírem dupla nacionalidade.
Caixas-pretas do avião da Voepass são encontradas
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), confirmou que as duas caixas-pretas do avião da Voepass foram localizadas. De acordo com o brigadeiro do ar Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, tanto o gravador de dados de voo quanto o gravador de voz da cabine serão enviados para análise em Brasília.
Moreno também declarou que a tripulação da aeronave não reportou qualquer emergência antes da queda. “É tudo prematuro, mas o que temos até agora é que não houve comunicação com órgãos de controle de que haveria alguma emergência“, comentou o brigadeiro. O último contato com os radares ocorreu às 13h22, poucos minutos antes do previsto pouso no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
O avião, que havia partido de Cascavel (PR), transportava 57 passageiros e quatro tripulantes, todos falecidos no acidente.
Anac confirma regularidade da aeronave
A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o ATR-72 acidentado, fabricado em 2010, estava com todos os certificados de matrícula e de aeronavegabilidade em dia, estando em “condição regular para operar“. Além disso, a agência destacou que os quatro tripulantes a bordo estavam devidamente licenciados e com habilitações válidas.
A Anac também mencionou que está monitorando o atendimento às vítimas e seus familiares pela empresa e que continuará acompanhando as investigações conduzidas pelo Cenipa.