Ataques cibernéticos no Brasil aumentaram 180% em 2024
Ataques cibernéticos no Brasil aumentaram 180%, impulsionados por ransomware e vulnerabilidades em aplicativos web
Um relatório recente revela que, em apenas um minuto, qualquer pessoa ou organização pode se tornar vítima de um ataque cibernético. Segundo o Relatório de Investigação de Violações de Dados (DBIR) de 2024 da Verizon, os ataques cibernéticos no Brasil aumentaram 180%, um crescimento alarmante impulsionado principalmente por ataques de ransomware e outras formas de extorsão. Esse aumento destaca a urgência de medidas eficazes de segurança cibernética.
Os ataques que exploram vulnerabilidades em sistemas são a principal preocupação, com os aplicativos da web sendo apontados como o principal ponto de entrada dos criminosos. O DBIR, que está em sua 17ª edição, avalia incidentes recebendo contribuições de empresas de cibersegurança de todo o mundo, incluindo a brasileira Apura Cyber Intelligence. O relatório analisou 30.458 incidentes de segurança, dos quais 10.626 foram confirmados como violações de dados, um número recorde comparado aos anos anteriores.
“A evolução das ameaças cibernéticas representa um desafio cada vez mais complexo para as organizações. A rápida mutação e sofisticação dessas ameaças podem sobrecarregar até mesmo os sistemas de segurança mais robustos“, afirma Anchises Moraes, especialista em cibersegurança da Apura. Segundo ele, o fator humano é determinante em grande parte dos incidentes. O relatório revela que 68% das violações de dados têm um componente humano envolvido, seja por erro acidental ou uso indevido de sistemas.
Violação envolvendo terceiros e cadeia de fornecimento
O relatório de 2024 introduziu um conceito expandido de violação envolvendo terceiros, que inclui a infraestrutura de parceiros sendo afetada e questões diretas ou indiretas na cadeia de fornecimento de software. Essas violações representam 15% dos casos analisados, um aumento de 68% em relação ao ano anterior, impulsionado pelo uso de exploits zero-day em ataques de ransomware e extorsão.
“Essa mudança destaca a importância crescente de parcerias seguras e cuidadosas na cadeia de fornecimento de software para garantir a resiliência cibernética das organizações“, ressalta Moraes. A escolha de fornecedores com melhores históricos de segurança poderia mitigar ou prevenir muitos desses incidentes.
Motivação financeira e engenharia social
Cerca de um terço de todas as violações envolveram ransomware ou alguma forma de extorsão. Os ataques de “extorsão pura” aumentaram e representam 9% de todas as violações, enquanto os ataques de “ransomware tradicionais” totalizaram 23% das violações. Quando combinados com novas técnicas, esses ataques somam 32% das violações. Na indústria, especialmente, os cibercriminosos veem o ransomware como uma tática lucrativa, com 92% dos ataques direcionados a esse setor.
Dois terços dos ciberataques nos últimos três anos tiveram motivação financeira. Nos últimos dois anos, 25% desses ataques envolveram a técnica de pretexting, uma forma de engenharia social onde os invasores criam situações falsas para obter informações confidenciais das vítimas. A maioria desses casos foi identificada como Comprometimento de E-mail Empresarial (BEC), onde criminosos obtêm acesso a contas de e-mail corporativas para solicitar transferências fraudulentas de fundos ou obter informações confidenciais.
As ameaças cibernéticas motivadas financeiramente adotam técnicas que garantam o maior retorno sobre o investimento. Segundo o FBI, a perda média associada a ransomware e outras violações de extorsão foi de $46.000, com variações significativas. Já as transações de BEC registraram uma média de $50.000 por ataque.
O DBIR também apontou um aumento nos relatos de phishing, uma técnica de engenharia social que visa obter dados confidenciais por meio de mensagens fraudulentas. O tempo médio para clicar em um link malicioso após abrir um e-mail é de apenas 21 segundos, e para inserir dados pessoais é cerca de 28 segundos. Ou seja, em menos de 60 segundos, um usuário pode cair em um esquema de phishing.
“Esses números destacam a importância do conhecimento do cenário de ameaças, da preparação das empresas em se antecipar aos ciberataques e da educação contínua em segurança cibernética“, conclui Moraes. Com as armadilhas online se tornando mais sofisticadas, é importante que todos estejam bem informados e preparados para proteger suas informações. Investir em serviços de inteligência em ameaças, programas de treinamento e conscientização pode ajudar a garantir uma navegação mais segura e confiante na internet.