Satélites Starlink podem afetar o magnetismo terrestre, diz física ex-NASA
Novo estudo conduzido pela Dra. Sierra Solter-Hunt indica que os detritos metálicos produzidos pela queima de satélites Starlink podem estar criando uma camada condutiva em órbita, que tem potencial para alterar a magnetosfera terrestre.
Uma nova pesquisa levanta preocupações significativas sobre o impacto dos satélites Starlink, pertencentes à SpaceX de Elon Musk, no ambiente magnético da Terra. A física ex-NASA, Dra. Sierra Solter-Hunt, em entrevista ao tabloide britânico Daily Mail, advertiu que as ‘megaconstelações’ de satélites poderiam distorcer a magnetosfera terrestre, expondo toda a vida a raios cósmicos mortais.
A pesquisa da Dra. Solter-Hunt, que foi publicada inicialmente na plataforma acadêmica arXiv de Cornell, sugere que o projeto Starlink está despejando cerca de 1.250 kg (2.755 lbs) de detritos de satélites de internet sem fio na atmosfera da Terra a cada hora. Este acúmulo resulta em uma camada de “particulado condutivo” na órbita terrestre, algo que até então não havia sido amplamente pesquisado. “Fiquei muito surpresa“, disse a física ao Daily Mail. “Ninguém deu muita pesquisa à acumulação de poeira metálica da indústria espacial.”
Essa camada de detritos não é apenas uma questão de poluição espacial, mas também tem potenciais implicações eletromagnéticas. Os detritos são compostos principalmente de metais condutores que, quando acumulados em grandes quantidades, podem interagir de maneiras complexas e ainda não totalmente compreendidas com a magnetosfera terrestre. A preocupação da física é que, à medida que esses detritos se acumulam, eles possam começar a influenciar as propriedades magnéticas da Terra de maneiras que poderiam alterar a proteção natural do planeta contra a radiação cósmica.
Efeitos potenciais nos campos magnéticos
Os detritos desses satélites, no final de seus ciclos de vida, podem “distorcer ou aprisionar o campo magnético” que impede a fuga da atmosfera terrestre. A Dra. Solter-Hunt descreveu um cenário extremo onde essa camada de poeira metálica carregada poderia levar a um “desnudamento atmosférico” semelhante aos destinos antigos de Marte e Mercúrio.
A Dra. Solter-Hunt, que anteriormente trabalhou na equipe de pesquisa da espaçonave Stardust da NASA e passou três anos no Laboratório de Pesquisa da Força Aérea dos EUA, destacou uma projeção preocupante: “Estamos com cerca de 10.000 satélites [em órbita] agora, mas em 10 a 15 anos, é provável que haja 100.000.” Ela expressou uma urgência em reconsiderar este uso intensivo do espaço, indicando que, com 100.000 satélites, poderia ser tarde demais para evitar um experimento de geoengenharia não planejado.
Reações da comunidade científica
Apesar das implicações alarmantes do estudo, alguns especialistas expressaram ceticismo. Fionagh Thompson, da Universidade de Durham no Reino Unido, considerou os números da futura quantidade de satélites “exagerados”, enquanto o Dr. John Tarduno, da Universidade de Rochester em Nova York, criticou a hipótese de que a densidade dos detritos metálicos poderia efetivamente cortar a Terra de seus Cinturões de Van Allen como um escudo magnético, chamando esta possibilidade de “improvável”.
A adição de quase 30.000 satélites Starlink, conforme planos futuros, tem preocupado astrônomos e competidores de satélite da SpaceX. Estes últimos já registraram reclamações formais à Comissão Federal de Comunicações dos EUA (FCC) sobre as ambições de Starlink da SpaceX, argumentando que o lixo espacial da empresa poderia interferir permanentemente com observatórios terrestres, prejudicando significativamente o estudo do espaço.
Até o momento desta publicação, a SpaceX não respondeu aos pedidos de comentário do Daily Mail. No entanto, a Dra. Lawler, uma das inspirações para o estudo da Dra. Solter-Hunt, descreveu a pesquisa como “um primeiro passo realmente importante” que chama a atenção para a “quantidade assustadora” de poeira espacial acumulando-se na atmosfera da Terra, cujas consequências “podem também estar em uma escala totalmente diferente da que estamos acostumados a pensar.”