Rio Grande do Norte registra chuvas 45,2% acima da média esperada
No primeiro trimestre de 2024, as chuvas ficaram acima da média em todas as regiões do estado sendo as regiões do Agreste Potiguar e Central Potiguar as mais chuvosas
O Rio Grande do Norte encerrou o primeiro trimestre de 2024 com um acumulado de chuvas que superou as expectativas dos meteorologistas. Foram registrados 454,3mm de precipitação, valor 45,2% acima da média esperada de 313mm para o período. Este fenômeno não foi uniforme em todo o estado, mas todas as regiões experimentaram volumes de chuva acima do esperado, com as regiões do Agreste Potiguar e Central Potiguar sendo as mais afetadas, apresentando volumes 57,9% e 56,1% acima da média, respectivamente.
Este fenômeno foi parcialmente atribuído ao enfraquecimento do El Niño, que, ao recuar, favoreceu a influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) sobre a região. Este sistema é o principal vetor das chuvas no Nordeste do Brasil durante este período do ano e, quando combinado ao aquecimento das águas superficiais do Atlântico, resultou nas condições ideais para a ocorrência das chuvas acima da média observadas.
“Contrariando as previsões iniciais avaliadas pelas equipes dos centros de pesquisa do país, de que o mês de março seria seco no RN, observamos o gradual afastamento do El Ñino desde janeiro e verificamos um início de ano mais chuvoso, com acumulados acima da média neste primeiro trimestre”, explicou o chefe da unidade de Meteorologia da Emparn, Gilmar Bristot.
A título de comparação, o volume de chuvas do primeiro trimestre de 2023 foi de 391,8mm, demonstrando que o início de 2024 foi ainda mais chuvoso para a região.
Média de chuvas- Janeiro, Fevereiro e Março 2024
Agreste
- Esperado 234,8mm
- Observado 370,8mm
Central
- Esperado 307,6mm
- Observado 480mm
Leste
- Esperado 319 mm
- Observado 436,5mm
Oeste
- Esperado 390,7mm
- Observado 530,5mm
Durante o último fim de semana, o impacto de chuvas intensas que superaram os 100mm em várias regiões durante o feriado prolongado. A situação crítica levou o Governo Federal a decretar estado de emergência no RN, autorizando recursos significativos para a reconstrução e suporte às áreas afetadas.
As chuvas causaram danos significativos, incluindo a interdição de trechos rodoviários e o rompimento de adutoras, como a do Sertão Central, afetando o abastecimento de água de várias cidades. O IGARN reportou que três açudes monitorados atingiram 100% da sua capacidade, indicando a severidade das precipitações.
Além do impacto direto das chuvas, em janeiro deste ano o RN enfrentou eventos climáticos extremos, como uma inesperada chuva de granizo em várias cidades do interior, um fenômeno raro na região. Este evento extremo, causado pela atuação de um Vórtice Ciclônico de Altos Níveis, junto ao aquecimento das águas do Atlântico, desencadeou chuvas intensas acompanhadas de trovoadas no litoral sul e o registro de granizo no interior, afetando a rotina e a infraestrutura das localidades atingidas.
Em termos de previsões futuras, a expectativa para o próximo trimestre (abril, maio e junho) é de um volume de chuvas dentro dos padrões normais, com um acumulado mínimo esperado de 370,2mm para o período. Bristot também analisa que, com o oceano Pacífico caminhando para uma fase de neutralidade e as águas do oceano Atlântico Tropical Sul mantendo-se mais aquecidas do que o normal, espera-se que as chuvas se apresentem dentro da normalidade nas regiões Oeste, Central e Agreste, com volumes um pouco acima do normal na região Leste do estado.