Academia Brasileira de Letras rejeita o uso de linguagem neutra

Através de uma reunião pública convocada pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) para debater o tema da linguagem neutra, o presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL), Merval Pereira, expressou a posição da instituição em relação ao uso de expressões como “todes” na língua portuguesa. O evento ganhou repercussão após Pereira afirmar que a ABL considera o fenômeno da linguagem neutra ainda incipiente e de nicho, ressaltando a complexidade que uma eventual mudança acarretaria na estrutura do português brasileiro.

No evento, Pereira fez questão de destacar que a adoção da linguagem neutra em textos oficiais não estaria alinhada com as normas da língua culta. Ele ressaltou a importância de que os documentos oficiais sigam as normas vigentes e alertou para o possível prejuízo que o uso indiscriminado dessa linguagem poderia causar, especialmente no ambiente educacional. “Se o professor quiser falar ‘todes’ na sala de aula, ele estará prejudicando a maioria dos alunos que não sabe o que é isso. Ele também não pode obrigar os alunos a usarem a linguagem neutra. Porque não há nada que obrigue a isso”, enfatizou Pereira.

Além disso, o presidente da ABL também abordou o recente discurso de posse da acadêmica Heloísa Teixeira, que utilizou vocabulários neutros. Pereira esclareceu que a ação teve como intenção homenagear o público LGBTQIA+ presente na cerimônia, e que não indica uma mudança oficial na posição da Academia em relação à linguagem neutra. De acordo com Arnaldo Niskier, membro da ABL e ex-integrante do CNE, a discussão sobre a linguagem neutra deve ser tratada com cautela, considerando as prioridades mais urgentes da educação. Niskier ressaltou a necessidade de investimento na qualidade do ensino integral. Aumento do orçamento para a educação e a importância de uma nova lei de diretrizes básicas.

Evanildo Bechara, também membro da ABL e presente na reunião, optou por não se pronunciar sobre o assunto. Diante desses posicionamentos, a discussão em torno da linguagem neutra ganha destaque no âmbito educacional, levantando questionamentos sobre a inclusão, preservação e evolução da língua portuguesa, assim como as prioridades para a melhoria do sistema educacional do país.

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Confira detalhes sobre a linguagem neutra

A linguagem neutra, é a substituição dos artigos feminino e masculino por um “x”, “e” ou até pela “@” em alguns casos. Assim, “amigo” ou “amiga” virariam “amigue” ou “amigx”. As palavras “todos” ou “todas” seriam trocadas, da mesma forma, por “todes”, “todxs” ou “tod@s”. A mudança, como é popular principalmente na internet, ainda não tem um modelo definido.

Os defensores do gênero neutro também defendem a adoção do pronome “elu” para se referir a qualquer pessoa, independente do gênero, de maneira que abranja pessoas não-binárias ou intersexo que não se identifiquem como homem ou como mulher. Nas Olimpíadas de Tóquio, a narradora Natália Lara o comentarista Conrado Santana, do SporTV. Deram visibilidade ao assunto durante uma partida de futebol entre as seleções femininas do Japão e Canadá.

Os profissionais utilizaram o pronome “elu” para se referir a Quinn, atleta canadense que se identifica como pessoa trans não-binária. De acordo com a norma padrão da língua portuguesa, o artigo masculino cumpre papel de pronome neutro no plural. Por exemplo, se um grupo de pessoas é composto por homens e mulheres, mesmo que majoritariamente feminino. Pode-se referir às pessoas do grupo como “eles” ou “todos”.

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