Educação: governo Tarcísio demite coordenador pedagógico após erros em material didático
Renato Dias o coordenador pedagógico da Secretaria estadual da Educação da gestão de Tarcísio de Freitas (Republicanos), deixou o cargo. Ele é ex-diretor da Somos Educação, um dos maiores grupos de educação privada. A sua saída foi confirmada através do Diário Oficial desta quarta-feira (6) que também consta a nomeação de Bianka Teixeira Silva para a função.
De acordo com o comunicado divulgado, a Secretaria da Educação afirmou que a mudança ocorre a pedido e que Dias deixou o posto para “assumir projetos pessoais“. “Em São Paulo, Bianka assume o compromisso de aprimorar todos os processos pedagógicos da Secretaria da Educação. Como avaliações e material didático. Renato Dias deixou o cargo para assumir projetos pessoais. A exoneração a pedido foi publicada no Diário Oficial desta quarta-feira (6)”, diz o texto.
Segundo informações da pasta, Bianka é doutora em Letras pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estudou durante os anos iniciais na rede estadual de SP. Além de ter atuado como docente na Educação Básica e de Jovens e Adultos da rede municipal de Belo Horizonte e foi professora bolsista e voluntária da UFMG. Trabalhou no setor de projetos de avaliação da Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais.
A troca na coordenação pedagógica ocorre após a Justiça de São Paulo mandar a Secretaria suspender a liberação do material didático digital. Que apresentava graves erros no conteúdo. Na liminar, a juíza Simone Gomes Rodrigues Casoretti, estabeleceu o prazo de 48 horas para que os slides com erros de informação. Que fazem parte do material 100% digital, sejam retirados do ar “até que sejam corretamente revisados, e sigam os padrões estabelecidos pelo Ministério da Educação”.
Os graves problemas de informação estavam em disciplinas como história e biologia. Um dos materiais, para alunos do ensino fundamental. Dizia que Dom Pedro 2º, e não sua filha, a Princesa Isabel, assinou a Lei Áurea, em 1888, acabando com a escravidão no Brasil. Dias era considerado um homem de confiança do secretário da Educação, Renato Feder, segundo informações.
Polêmicas envolvendo a Secretaria da Educação
Desde a primeira semana de agosto quando a rede estadual paulista retomou as aulas para o segundo semestre letivo a Secretaria da Educação do estado tem se envolvido em polêmicas quando o assunto se trata do material didático. A pasta anunciou que não iria mais aderir ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para os anos finais do ensino fundamental (do sexto ao nono ano) e ensino médio.
O PNLD é o programa do governo federal por meio do qual as escolas e redes de ensino podem escolher livros didáticos de literatura para uso em sala de aula. Todos os anos, a escolha costuma ocorrer em agosto, para que a entrega dos livros seja feita a tempo para o ano letivo seguinte.
Como substituição aos livros do PNLD nos anos finais do fundamental, a Seduc disse que adotaria, a partir de 2024, um material didático 100% digital. Com slides produzidos pela própria secretaria, parte do Currículo Paulista. Depois de críticas de especialistas e da comunidade escolar sobre a eficácia da metodologia e sobre as limitações tecnológicas, o governo paulista voltou atrás e disse que imprimirá o material do Currículo Paulista.
A recusa do PNLD ainda estava mantida. Em coletiva de imprensa, o secretário Renato Feder deu uma série de justificativas para a escolha, entre elas o dado de que o PNLD era pouco usado pelos alunos, apesar de não ter mostrado a fonte original da pesquisa. Outro argumento usado por ele foi o de que os livros do governo federal são entregues aos estudantes por meio de um empréstimo. E precisam ser devolvidos ao fim do ano letivo. Por isso, os usuários não podem fazer anotações no material.
Porém, a Justiça determinou, na noite do dia 16 de agosto, que a Secretaria da Educação do estado de São Paulo voltasse a aderir ao Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) em 2024.