Ex-chefe da Abin diz que ministro soube de risco no 8 de janeiro

Nesta terça-feira (1) Saulo Moura da Cunha ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) afirmou á Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos criminosos de 8 de janeiro que enviou alertas por WhatsApp sobre o risco de invasão às sedes dos Três Poderes ao então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, chamado de GDias.

De acordo com o ex-diretor da Abin, no dia 8 de janeiro ele começou a falar com o ex-chefe do GSI durante a manhã e apontou a chegada de 105 ônibus com manifestantes. Moura afirma que esse primeiro contato foi realizado através de mensagens no WhatsApp e ainda diz que na parte da tarde os dois e falaram por meio de ligação telefônica.

“O primeiro contato por WhatsApp foi por volta de 8h. Eu sinalizo os 105 ônibus (que chegaram em Brasília) e ele (GDias) me responde, dizendo: ‘Acho que vamos ter problemas’. Eu continuo encaminhando as mensagens e, por volta de 13h30, falo com o ministro e passo esta preocupação. Já havia, por parte, pelo menos, da Abin, uma certa convicção de que nós poderíamos ter atos extremistas e não seria apenas uma passeata pacífica”, afirmou.

“Eu repassei para ele (GDias) todos os alertas da Abin. Repassei para ele também algumas informações que estavam no grupo da célula integrada de Segurança Pública. Que diziam respeito à presença de manifestantes que estavam, inclusive, cobrindo o rosto com máscaras com vinagre. Ou seja, se preparando, eventualmente, para uma ação violenta. Um pouco antes de a marcha começar o deslocamento, nós já tivemos informações de que havia entre os manifestantes, efetivamente, um chamamento. Inclusive estavam fazendo isso num carro de som. Há relatórios, há fotos, para chamamentos para invasão de prédios”, complementou.

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Segundo Saulo Moura da Cunha, a Abin emitiu 33 alertas entre os dias 2 e 8 de janeiro e até o dia 4, as informações davam conta de uma manifestação com “baixa adesão”. “Na tarde do dia 7, os órgãos de segurança do Distrito Federal e alguns órgãos do governo federal já tinham, sim, uma ideia de que nós teríamos uma manifestação com grande participação de pessoas“, afirmou Cunha.

Flávio Dino tem prazo para liberar imagens do 8 de janeiro

Ainda nesta terça-feira (1) o presidente da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do 8 de Janeiro, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA) deu 48 horas para que Flávio Dino (PSB) dê acesso às imagens internas do Ministério da Justiça e Segurança Pública no dia da invasão às sedes dos Três Poderes.

Caso o prazo não seja cumprido, disse que a comissão levará o caso ao STF (Supremo Tribunal Federal). “Eu vou solicitar, sim, a reconsideração ao senhor ministro da Justiça para que ele apresente a essa comissão as imagens no prazo de 48 horas. Se assim ele não agir, já está tomada a decisão de fazermos a solicitação ao STF“, afirmou Arthur Maia.

O pedido de acesso às imagens do órgão foi aprovado na última reunião da CPI, realizada em 11 de julho. Depois de um deslize de congressistas aliados do governo, que eram contra a aprovação do requerimento. Em 13 de junho, um pedido sobre o mesmo assunto já havia sido rejeitado pela comissão.

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