Uma pesquisa recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 4 de dezembro de 2024, revela um aumento significativo no número de médicos no Brasil. Entre 2019 e 2023, houve um crescimento de 23,6%, elevando o total para 502.600 profissionais em 2023.
O estudo, parte da Síntese de Indicadores Sociais 2024, apresenta um panorama abrangente das condições de vida da população brasileira, incluindo dados sobre mercado de trabalho, renda, educação e saúde. A análise do IBGE destaca que, em 2023, o Brasil possuía 23,7 médicos para cada 10 mil habitantes. Comparativamente, essa taxa fica abaixo de países como México (25,6) e Canadá (25), mas acima da República Dominicana (22,3) e da Turquia (21,7).
Crescimento diferenciado: O crescimento do número de médicos foi mais expressivo na rede privada (29,7%), em comparação com o setor público (21,2%). Segundo Clician do Couto Oliveira, analista do IBGE envolvida na pesquisa, “Os médicos têm maior interesse no mercado de trabalho privado, no mercado de trabalho não-SUS”.
Enfermeiros: A pesquisa também aponta um crescimento ainda mais acentuado no número de enfermeiros, com um aumento de 39,2% no período, passando de 260.900 em 2019 para 363.100 em 2023. O estudo também contabilizou 952.600 técnicos de saúde em 2023.
Impacto da pandemia: O período analisado (2019-2023) inclui a pandemia de Covid-19, que parece ter influenciado a expansão do setor de saúde. O crescimento no número de médicos entre 2019 e 2023 (23,6%) superou o registrado no período anterior (2015-2019), que foi de 16,4%.
Infraestrutura: A pesquisa também aborda a expansão da infraestrutura de saúde. O número de leitos complementares (unidades de isolamento, isolamento reverso, UTIs e semi-intensivas) cresceu de 59.100 em janeiro de 2020 para 76.900 em julho de 2022, mantendo-se estável desde então. Isso representa um aumento de mais de 30% em relação ao período pré-pandêmico. Similarmente, a disponibilidade de tomógrafos aumentou, passando de 2,3 para 3 por 100 mil habitantes entre 2019 e 2023. A analista do IBGE observa que esse crescimento, embora nacional, foi heterogêneo, mantendo as desigualdades regionais preexistentes. O Distrito Federal, por exemplo, manteve-se como a região com a maior concentração de tomógrafos, saltando de 4,6 para 7,2 por 100 mil habitantes.
Óbitos em 2023: A pesquisa também analisou os óbitos em 2023, totalizando 1,46 milhão – 8,4% a mais que em 2019. O aumento é atribuído parcialmente ao crescimento de 7,7% nos óbitos por câncer, que representaram 17% das mortes em 2023. A Covid-19 também contribuiu significativamente, com mais de 10 mil mortes em 2023, enquanto em 2019 esse número era de apenas 173. “Se declarou o fim da pandemia, mas a covid-19 ainda deixa um saldo significativo de mortes que não ocorriam antes. Em 2019, não havia essa causa”, destaca Clician.
Desigualdades raciais: O estudo destaca disparidades raciais na mortalidade. Na faixa etária até 44 anos, 44.200 pretos ou pardos morreram em 2023, número 2,7 vezes superior ao de brancos (16.100). A analista do IBGE aponta a alta incidência de mortes externas entre jovens pretos ou pardos, embora dados detalhados sobre as causas não estejam disponíveis nesta pesquisa. “Mas se sabe que eles são as maiores vítimas relacionadas com mortes violentas. Entre os brancos, a principal causa de morte externa é acidente com automotores – motos e veículos de modo geral”, afirma Clician.
Doenças cardíacas: As doenças cardíacas também se mostraram uma causa importante de morte, principalmente entre homens. Na faixa etária entre 30 e 69 anos, houve 31.200 óbitos por doenças do coração entre homens brancos, número próximo ao de mortes por câncer. Entre homens pretos ou pardos na mesma faixa etária, esse número foi significativamente maior, com 40.600 óbitos. Um padrão semelhante foi observado entre mulheres, com 18.400 mortes por doenças cardíacas entre brancas e 24.500 entre pretas ou pardas.
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