Nesta quinta-feira (5), a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) aprovou a incorporação do medicamento betadinutuximabe para o tratamento do neuroblastoma de alto risco. O remédio será disponibilizado gratuitamente pelo SUS para pacientes pediátricos que já tenham passado por quimioterapia e apresentado, no mínimo, uma resposta parcial ao tratamento, seguida de terapêutica mieloablativa e transplante de células-tronco.
O pedido de inclusão do betadinutuximabe, comercializado sob o nome Qarziba, foi protocolado pela farmacêutica Recordati em janeiro de 2024. A medida visa garantir que crianças com neuroblastoma de alto risco tenham acesso a um medicamento que pode custar até R$ 89.000,00 por dose na rede privada. O tratamento completo pode chegar a R$ 2 milhões.
O medicamento é recomendado tanto para pacientes com alto risco da doença quanto para aqueles que enfrentam recidivas. O neuroblastoma é considerado o terceiro tipo de câncer infantil mais comum, ficando atrás apenas da leucemia e dos tumores cerebrais.
De acordo com o fabricante, o Qarziba tem demonstrado resultados promissores, aumentando a sobrevida dos pacientes e reduzindo significativamente o risco de recorrência da doença. Já utilizado em mais de mil pacientes em 18 países, o remédio é indicado para crianças com mais de 12 meses de idade, que tenham sido tratadas com quimioterapia de indução e atingido ao menos uma resposta parcial ao tratamento inicial. Após essa fase, os pacientes devem passar pela terapia mieloablativa e transplante de células-tronco.
Além de tratar pacientes que ainda apresentam doença residual, o Qarziba é indicado para aqueles com histórico de recidiva ou neuroblastoma refratário. Nessas situações, o tratamento deve ser combinado com a interleucina-2 (IL-2), que pode potencializar os efeitos do medicamento. Contudo, qualquer progressão ativa da doença deve ser estabilizada por outros meios antes do início do tratamento com betadinutuximabe.
O neuroblastoma é um câncer que afeta principalmente crianças e se desenvolve nas células nervosas do corpo. Representa 8% a 10% de todos os casos de tumores infantis e é o tumor sólido extracraniano mais comum em crianças, especialmente aquelas abaixo dos 5 anos. A alta taxa de recorrência e o comportamento agressivo da doença tornam o tratamento desafiador, o que reforça a importância da disponibilização de novos medicamentos pelo SUS.
A discussão sobre a inclusão do betadinutuximabe no SUS ganhou ainda mais visibilidade após uma campanha de arrecadação de fundos para Pedro, filho do indigenista Bruno Pereira, que precisava do medicamento para seu tratamento. Em apenas três dias, a campanha atingiu sua meta, destacando a dificuldade de acesso a remédios essenciais para o tratamento do neuroblastoma. A mobilização da família de Pedro se juntou a outras famílias que enfrentam o mesmo desafio, pressionando as autoridades para que o remédio fosse incluído na rede pública.
Durante a reunião da Conitec, outros avanços na área da saúde também foram aprovados, como a incorporação de novos medicamentos para doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Os detalhes dessas decisões podem ser conferidos no site oficial da Conitec.
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