Saúde

Morte após lipoaspiração acende alerta sobre riscos de procedimentos fora de hospitais

A morte da esteticista Paloma Lopes Alves, 31 anos, após uma hidrolipo realizada em uma clínica, gerou preocupação entre autoridades médicas e sanitárias. O procedimento, realizado no Mana Hospital Day, resultou em uma parada cardiorrespiratória, levando ao óbito da paciente mesmo após atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e internação no Hospital Municipal do Tatuapé.

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) emitiu uma nota alertando sobre os riscos da realização de lipoaspiração em ambientes não hospitalares. O órgão destaca que, apesar de ser um procedimento comumente realizado, a lipoaspiração requer infraestrutura completa e equipe médica altamente qualificada para lidar com possíveis complicações. A nota enfatiza a importância de:

  • Ambiente habilitado e liberado pelos órgãos de vigilância sanitária;
  • Estrutura hospitalar para o manejo de intercorrências e suporte avançado de vida;
  • Cirurgião plástico qualificado e habilitado, com registro no Cremesp e Registro de Qualificação de Especialista;
  • Equipe médica e multidisciplinar preparada para lidar com complicações e equipada para emergências;
  • Condução da cirurgia dentro de padrões éticos e técnicos, incluindo avaliação rigorosa do estado de saúde do paciente e comunicação clara sobre riscos e benefícios.

“Reforçamos que a banalização de qualquer procedimento cirúrgico, por menor que ele possa parecer, é inaceitável. A decisão de realizar uma cirurgia plástica se inicia na escolha do profissional e deve ser feita de forma consciente e sólida. Cirurgias plásticas, como a lipoaspiração, não são isentas de riscos, e tratá-las como procedimentos triviais compromete a segurança dos pacientes e contraria os princípios fundamentais da medicina”, afirma o Cremesp em sua nota.

O cirurgião plástico Luiz Haroldo Pereira esclarece que hidrolipo e lipoaspiração são sinônimos, sendo “hidrolipo” apenas um termo utilizado para sugerir procedimentos menos invasivos ou realizados em locais fora de hospitais. Ele ressalta que qualquer lipoaspiração envolve a infiltração de soro fisiológico e adrenalina, e que a falta de recursos em caso de emergência em locais inadequados pode ser fatal.

“É o mesmo princípio de toda lipoaspiração. Ele não é menos invasivo, é invasivo como qualquer outra cirurgia. A diferença é que eles acham que custa mais barato, que fazem em qualquer lugar e em várias sessões. Com isso muitas vezes ocasionando um problema porque se não houver recurso onde for operado e se houver uma depressão respiratória, o médico não tem como recuperar esse paciente. No hospital você tem todos os recursos de reanimação, de entubação, permitindo que tudo transcorra normalmente”, explicou Pereira.

O médico também alerta para a importância de consultas presenciais, exames pré-operatórios e uma avaliação completa do estado de saúde do paciente antes de qualquer lipoaspiração. “Muitas vezes a consulta é só pelo vídeo e só vai conhecer o médico no dia do procedimento. É uma maneira de burlar a legislação e uma falta de cuidado com a pessoa, que não passou por análise cardiológica, por exames de sangue, não se conhece o paciente por dentro. E o cirurgião não teve chance de conversar, de estabelecer intimidade com o paciente porque vai cuidar da vida dessa pessoa. E estando em local inadequado é aí que tudo se complica, porque começou tudo errado. E quando as coisas começam errado há grande chance de terminar errado, mais do que nunca”, afirma.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) lamentou o ocorrido e informou que o Samu foi acionado e realizou as manobras de reanimação conforme protocolo, mas a paciente faleceu. Uma equipe da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) constatou que a clínica onde o procedimento foi realizado não possuía licença sanitária, resultando em autuação e interdição.

O advogado do médico, Lairon Joe, informou que Paloma assinou um termo de consentimento, com o marido como testemunha, que mencionava a embolia pulmonar como possível intercorrência. Joe argumentou que a ocorrência de tromboembolismo pulmonar após uma cirurgia não está necessariamente ligada à técnica cirúrgica, mas a diversos fatores. Ele também afirma que o marido da paciente estava presente e foi informado de todos os passos do procedimento.

A investigação sobre a morte de Paloma Lopes Alves continua. O caso destaca a necessidade de rigor na regulamentação e fiscalização de procedimentos estéticos, enfatizando a importância da segurança do paciente e a realização de cirurgias complexas em ambientes hospitalares apropriados. Para mais informações sobre a legislação pertinente, acesse a legislação e para informações sobre segurança em procedimentos estéticos, consulte este estudo.

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Brunna Mendes

Gestão Hospitalar (UFRN), 28 primaveras, sagitariana e apaixonada por uma boa leitura, séries, filmes e Netflix.

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