A relação entre dieta e saúde mental tem sido foco de diversos estudos, especialmente com o envelhecimento da população mundial e o aumento de doenças relacionadas ao declínio cognitivo. Estima-se que os casos de Alzheimer e outras formas de demência tripliquem até 2050, atingindo cerca de 60 milhões de pessoas. No entanto, a alimentação surge como um fator-chave na prevenção desses quadros.
Um novo estudo, publicado na revista Aging Clinical and Experimental Research em 2024, apresenta uma extensa meta-análise que reforça o papel protetor do consumo regular de peixes na saúde cognitiva. A pesquisa, que envolveu a análise de 35 estudos observacionais, sugere que o consumo elevado de peixe está associado a uma redução de 18% no risco de declínio cognitivo, além de uma queda de 20% nos riscos de Alzheimer e demência em geral.
Benefícios do consumo de peixe
O estudo destaca que o consumo regular de peixe pode reduzir o risco de declínio cognitivo e demência em até 30%, dependendo da quantidade consumida. Os peixes são ricos em ácidos graxos ômega-3, que desempenham um papel fundamental na estabilidade neuronal e na redução da inflamação no cérebro, fatores cruciais na preservação das funções cognitivas.
Além dos ácidos graxos, o estudo chama a atenção para os oligopeptídeos bioativos, compostos que vêm sendo cada vez mais estudados por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Estes nutrientes contribuem para a prevenção da neurodegeneração, um dos processos responsáveis pela progressão de doenças como o Alzheimer.
Dados e resultados
A meta-análise englobou dados de mais de 849 mil indivíduos de diversas partes do mundo, com uma idade média acima de 50 anos. Dentre esses, 8.537 casos de comprometimento cognitivo, 12.148 casos de demência e 5.320 casos de Alzheimer foram observados. Os dados indicam que indivíduos com maior consumo de peixes apresentaram menores chances de desenvolver qualquer um desses quadros.
Indivíduos que relataram consumir peixes regularmente tinham um risco 18% menor de sofrer de declínio cognitivo ou comprometimento mental relacionado à idade. Essa associação foi ainda mais forte entre aqueles que consumiam 150g de peixe por dia, com um risco 30% menor.
Demência e Alzheimer
Em relação à demência, os consumidores regulares de peixe tinham 18% menos chances de desenvolver a doença, e o risco de Alzheimer foi 20% menor. Contudo, os autores apontam que, para esses dois diagnósticos específicos, ainda são necessários mais estudos para reforçar as conclusões.
Apesar dos achados consistentes, os pesquisadores destacam a necessidade de mais estudos sobre o impacto de fatores genéticos, como a presença do alelo APOE ε4, que pode influenciar os benefícios do consumo de peixe na prevenção de doenças cognitivas. Eles também recomendam que futuras investigações considerem outras variáveis, como tipos específicos de peixe e diferentes padrões alimentares, para elucidar os mecanismos exatos que ligam o consumo de peixe à saúde cognitiva.
Os resultados desta meta-análise adicionam peso a uma crescente base de evidências que liga a dieta — particularmente o consumo de peixe — a uma redução significativa no risco de doenças neurodegenerativas. O estudo reforça a importância de padrões alimentares saudáveis, como a dieta Mediterrânea e Nórdica, que destacam o peixe como um dos pilares da prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento.
Assim, incorporar peixes de forma regular na dieta pode ser uma estratégia eficaz para combater o declínio cognitivo e prevenir a demência em uma população que envelhece rapidamente.
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