(ANSA) – O Vaticano e a China estão próximos de alcançar um acordo histórico sobre a nomeação de bispos no país asiático, informou o cardeal de Hong Kong, John Tong Hon, em uma matéria publicada nesta sexta-feira (10) pelo jornal “Sunday Examiner”.
De acordo com o religioso, as duas instituições conseguiram atingir um “consenso inicial” sobre o tema, considerado o “obstáculo central” para a retomada das relações bilaterais que foram cortadas em 1951. Esse consenso teria definido que é o Papa da Igreja Católica quem dará a palavra final sobre a nomeação dos bispos.
“Um grupo de trabalho foi instituído e, através dele, ambas as partes buscam resolver os problemas acumulados. [O principal] é a nomeação dos bispos e depois de uma série de conversas, chegou-se a um consenso preliminar que levará a um acordo sobre a nomeação dos bispos”, informou.
Desde a década de 1950, existe na China uma “igreja oficial” e a Igreja Católica de Roma atua quase que na clandestinidade. No entanto, a nomeação de bispos para as dioceses chinesas são feitas pelo próprio governo e não pelo Pontífice, como é tradicional em todas as partes do mundo.
“Segundo a doutrina católica, o Papa tem a última e é a mais alta autoridade de nomeação de um bispo. Se o Papa tem a última palavra sobre a dignidade e a idoneidade de um candidato episcopal, as eleições da Igreja local e as recomendações da Conferência Episcopal da Igreja Católica na China serão simplesmente uma maneira de repassar informações”, acrescentou.
A Conferência não é reconhecida pelo Vaticano e, comumente, dá “conselhos” aos cristãos que nada tem a ver com a doutrina da Igreja Católica. Por exemplo: na última edição da reunião da entidade, em dezembro do ano passado, um dos principais líderes do governo chinês, Yu Zhengsheng, discursou e pediu que os católicos chineses promovam o “comunismo e o patriotismo” pela religião.
No entanto, desde que o papa Francisco assumiu o posto de líder da Igreja, ele vem tentando acelerar as negociações para por fim – ou amenizar – as divergências em prol dos católicos do país.
Sobre os sete bispos nomeados recentemente sem a autorização do Vaticano, o cardeal lembra que eles “escreveram para o Papa e disseram estar dispostos a pedir perdão”. Já quando foi questionado sobre os temores de um envolvimento do Vaticano com um Estado que limita a liberdade de culto, Tong destaca que permitir que o líder da Igreja nomeie os bispos é “uma liberdade fundamental”.
“A Igreja nos ensina a escolher o menor de dois males. Portanto, sob o ensinamento do princípio do realismo que o papa Francisco ensina, é claro qual o percurso que a Igreja Católica na China deve percorrer”, finalizou o cardeal.
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