As forças russas seriam “aniquiladas” pela resposta militar do Ocidente se Vladimir Putin usar armas nucleares contra a Ucrânia, alertou o chefe de política externa da União Europeia, Josep Borrell, a Moscou na quinta-feira (13).
Na abertura de uma Academia Diplomática na Bélgica, Borrell disse: “Putin está dizendo que não está blefando. Bem, ele não pode permitir-se blefar, e tem de ficar claro que as pessoas que apoiam a Ucrânia e a União Europeia e os Estados-Membros, e os Estados Unidos e a OTAN também não estão a fazer blefe. Qualquer ataque nuclear contra a Ucrânia criará uma resposta, não uma resposta nuclear, mas uma resposta tão poderosa do lado militar que o exército russo será aniquilado.”
Os temores de que Moscou possa usar armas nucleares táticas na Ucrânia cresceram depois que Putin emitiu ameaças veladas ao encenar a anexação de quatro regiões ocupadas diante das perdas no campo de batalha.
EUA e OTAN
O chefe da Otan, Jens Stoltenberg, alertou a Rússia sobre “graves consequências” se lançar um ataque nuclear contra seu vizinho pró-ocidente. “Não vamos falar exatamente como responderemos, mas é claro que isso mudará fundamentalmente a natureza do conflito”, disse Stoltenberg. “Mesmo qualquer uso de armas nucleares menores será uma coisa muito séria”, completou.
Um alto funcionário da Otan disse na quarta-feira que o uso de uma arma nuclear pela Rússia na Ucrânia resultaria “quase certamente em uma resposta física de muitos aliados e potencialmente da própria Otan”.
A aliança não chegou a ameaçar usar seu arsenal nuclear para responder, já que a Ucrânia não está coberta por sua cláusula de autodefesa mútua.
Os EUA e a OTAN até agora evitaram intervir militarmente no conflito na Ucrânia por medo de desencadear um conflito nuclear catastrófico com Moscou. “O propósito fundamental da dissuasão nuclear da OTAN é preservar a paz e impedir a agressão e prevenir a coerção contra os aliados da OTAN”, disse Stoltenberg.
“As circunstâncias em que a OTAN pode ter que usar armas nucleares são extremamente remotas”. Isso ocorre depois que a Rússia ameaçou a Terceira Guerra Mundial se sua inimiga Ucrânia receber a adesão à OTAN.
Putin emite aviso à OTAN
O presidente russo, Vladimir Putin, acredita que o envio de tropas de países da OTAN em um hipotético confronto direto com o Exército russo levaria a “uma catástrofe global”, conforme expressou esta sexta-feira (14) em entrevista coletiva no final da cúpula da Commonwealth da Estados Independentes (CEI) e o fórum entre os países da Ásia Central e a Rússia.
“De qualquer forma, colocar qualquer tropa em contato direto, em confronto direto, com o Exército russo, é um passo muito perigoso que pode levar a uma catástrofe global. Espero que aqueles que falam sobre isso sejam espertos o suficiente para não tomar medidas tão perigosas”, disse Putin quando questionado sobre uma implantação hipotética das forças armadas da Aliança Atlântica na Ucrânia.
Ao mesmo tempo, Putin assegurou que neste momento “não há necessidade” de continuar lançando ataques maciços de mísseis contra alvos militares e infraestrutura crítica na Ucrânia. “Outras tarefas já estão planejadas, porque 7 dos 29 objetivos não foram atingidos conforme planejado pelo Ministério da Defesa. […] Pelo menos por enquanto não há necessidade de realizar ataques massivos, mas veremos”, disse. A este respeito, ele enfatizou que Moscou não persegue o objetivo de “destruir a Ucrânia”.
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