(ANSA) – O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, alertou que existe uma “possibilidade concreta” de a Rússia invadir a Ucrânia em fevereiro.
A aviso foi dado durante uma conversa por telefone com o mandatário ucraniano, Volodymyr Zelensky, na última quinta-feira (27), em meio à escalada da tensão entre Kiev e Moscou.
“O presidente Biden disse que existe uma possibilidade concreta de que os russos invadam a Ucrânia em fevereiro”, afirmou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Emily Horne. “Ele já disse isso publicamente e tem alertado sobre isso por meses”, acrescentou.
Durante o telefonema, Biden também garantiu que os EUA e seus aliados estão de “prontidão” para responder “decisivamente” a uma invasão. Já o Pentágono citou um maior deslocamento de tropas russas na fronteira e disse que 8,5 mil militares americanos estão em estado de alerta.
Ucrânia e Rússia vem protagonizando uma escalada das tensões desde o segundo semestre do ano passado, com a crescente ameaça de uma guerra que também poderia envolver a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
A Ucrânia não faz parte da aliança militar ocidental, mas pleiteia uma adesão, enquanto a Rússia denuncia o expansionismo da Otan, que já engloba as ex-repúblicas soviéticas do Mar Báltico.
Em 2014, após a queda do presidente pró-Moscou Viktor Yanukovich, a Rússia tomou a península ucraniana da Crimeia e apoiou rebeldes das autoproclamadas repúblicas de Lugansk e Donetsk, no leste do país. Desde então, mais de 14 mil pessoas já morreram nos conflitos em Donbass.
Mas a disputa também pode ter repercussões econômicas: os EUA ameaçaram impedir a abertura do gasoduto Nord Stream 2, que vai levar gás russo para a Alemanha, no caso de uma invasão.
A Rússia exige que a Ucrânia nunca entre para a Otan, pedido rechaçado pelos Estados Unidos. O governo Biden diz ter apresentado um “percurso diplomático” para Moscou, mas não deu detalhes sobre a proposta.
Putin diz que EUA e Otan ignoraram preocupações da Rússia
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou ao seu homólogo francês, Emmanuel Macron, que os Estados Unidos e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ignoraram as principais preocupações de segurança de Moscou.
No início da semana, os Estados Unidos e a Otan responderam as várias demandas de segurança solicitadas pela Rússia, que pediu para que o Ocidente nunca admitisse a Ucrânia na aliança liderada pelos norte-americanos.
“As respostas dos EUA e da Otan não levaram em conta as preocupações fundamentais da Rússia, incluindo impedir a expansão da Otan e se recusar a implantar sistemas de armas de ataque perto das fronteiras da Rússia”, disse Putin a Macron, segundo um comunicado do Kremlin.
Apesar de Putin ter afirmado que os Estados Unidos “ignoraram” outras preocupações importantes descritas pela Rússia, o chefe de Estado russo confirmou a Macron que estudará “cuidadosamente” as respostas dos norte-americanos e depois decidirá sobre outras ações.
O acúmulo de tropas russas nas proximidades da fronteira com a Ucrânia levantou temores de que o Kremlin estaria avaliando invadir seu vizinho pró-União Europeia, mas Putin reiterou que não quer guerra e negou qualquer plano de invasão.
O mandatário russo, no entanto, pediu a Macron que as autoridades ucranianas façam um “diálogo direto” com os líderes separatistas no leste do país.
Após a conversa com Putin para abordar a crise, Macron também falará nesta sexta com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. O objetivo do líder francês é encontrar os meios necessários para uma desescalada na tensão entre as nações.
Durante a conversa telefônica entre os presidentes russo e francês, que teria durado mais de uma hora, os dois concordaram em “continuar o diálogo” sobre uma série de questões relacionadas à segurança.
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