(ANSA) – O presidente da Rússia, Vladimir Putin, recebeu o chanceler alemão, Olaf Scholz, nesta terça-feira (15) em Moscou e reforçou que seu governo não vai permitir que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) avance em direção às fronteiras do país.
“Nunca aceitaremos a ampliação da Otan até nossas fronteiras. Isso é uma ameaça que nós percebemos claramente. As respostas da Aliança sobre nossos pedidos […] até agora não satisfazem os nossos pedidos, mas há argumentos que podem ser levados adiante”, disse Putin.
“Há 30 anos se diz que a Otan não ampliará em direção à Rússia, mas ao invés disso, isso aconteceu. E se diz que a Ucrânia ainda não está pronta para entrar na Otan. Mas, se isso acontecer amanhã ou depois, para nós, não muda nada. Queremos resolver essa questão agora”, pontuou, destacando que a garantia de não entrada da Ucrânia na Aliança é uma “prioridade”.
No entanto, o presidente russo afirmou que seu país “não quer a guerra” e que é “exatamente por esse motivo que avançamos com uma proposta para um processo de negociação”. “Vamos trabalhar em uma nova colaboração benéfica e pragmática”, acrescentou ainda.
“A Rússia teme que as conversas sobre a segurança da Europa possam ser muito longas sem nenhuma razão e não permitirá que, na prorrogação dessas conversas, a sua situação possa piorar”, advertiu.
Putin ainda foi questionado sobre a questão do gasoduto Nord Stream 2, que teve um acordo firmado no ano passado entre Putin e a então chanceler Angela Merkel, e que pode ser alvo de sanções pesadas caso os russos invadam a Ucrânia.
Porém, para o chefe do Kremlin, o gasoduto “é um projeto estrutural para reforçar a segurança energética na Europa e para resolver problemas energéticos e ambientais, sem ter nenhuma valência política”.
Na sua parte de discurso, Scholz afirmou que a segurança da Europa “não pode ser construída contra a Rússia, mas em cooperação com Rússia”.
Mas, ressaltou que a questão de veto à entrada da Ucrânia na Otan é uma das coisas “que não são negociáveis”. Para os ocidentais, a decisão de entrar ou não é exclusivamente de Kiev por ser um país soberano.
Sobre o Nord Stream 2, Scholz porém foi pragmático e disse que, em caso de uma guerra, “faremos tudo o que precisar ser feito, todos sabem o que acontecerá”. “Mas, a coisa principal de agora é impedir que isso aconteça”.
Donbass
Pouco antes do encontro entre os líderes, a Duma – o Parlamento baixo da Rússia – aprovou uma moção para que o governo de Putin reconheça as áreas separatistas de Donetsk e Lugansk, que ficam na Ucrânia e estão em conflito com Kiev desde 2014, como repúblicas independentes.
Os dois locais, apesar das negativas de Moscou, são apoiados militar e financeiramente pelos russos, já que os separatistas têm a intenção de se anexar ao país vizinho.
Questionado sobre a decisão, Scholz afirmou que se Putin fizer isso será “uma catástrofe política” e uma “violação dos Acordos de Minsk”, firmados em 2015 entre Ucrânia e Rússia com intermediação de Alemanha e França.
Por sua vez, o presidente russo não deu uma resposta direta à questão, mas disse que “a nossa opinião sobre o que acontece no Donbass é um genocídio”.
Pelos documentos assinados por ambas as partes em 2015, a Rússia deveria parar de apoiar os grupos separatistas e Kiev deveria dar um status de províncias autônomas para as duas áreas. No entanto, nenhum dos dois governos colocou isso em prática.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.