O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, recusou uma oferta de evacuação dos Estados Unidos. “A luta está aqui”, disse ele. Tropas russas invadiram a capital da Ucrânia neste sábado (26), e os combates de rua eclodiram quando as autoridades da cidade pediram aos moradores que se abrigassem.
Zelenskyy foi convidado no início do sábado a evacuar Kiev a pedido do governo dos EUA, mas recusou a oferta, de acordo com um alto funcionário da inteligência americana com conhecimento direto da conversa. O funcionário citou o presidente dizendo que “a luta está aqui” e que ele precisava de munição antitanque, mas “não de carona”.
O funcionário falou sob condição de anonimato porque não estava autorizado a falar com a mídia, relata a Time.
Autoridades da cidade de Kiev pediram aos moradores que procurem abrigo, fiquem longe das janelas e tomem precauções para evitar destroços ou balas.
O Kremlin aceitou a oferta de Kiev de manter conversas, mas parecia ser um esforço para arrancar concessões de uma Ucrânia em apuros em vez de um gesto em direção a uma solução diplomática.
Todo o país se apega à independência diante de um amplo ataque russo, que ameaçou derrubar o governo democrático e embaralhar a ordem mundial pós-Guerra Fria.
Zelenskyy ofereceu garantia renovada de que os militares do país resistiriam à invasão russa. Em um vídeo gravado em uma rua do centro, ele disse que não havia saído da cidade e que as alegações de que os militares ucranianos deporiam armas eram falsas.
“Nós não vamos depor armas. Vamos proteger o país”, disse. “Nossa arma é nossa verdade, e nossa verdade é que é nossa terra, nosso país, nossos filhos. E vamos defender tudo isso.”
Autoridades ucranianas relataram algum sucesso na defesa contra ataques, mas os combates persistiram perto da capital Kiev. Pequenas unidades russas estavam sondando as defesas ucranianas para abrir caminho para as forças principais.
Ataques da Rússia atingiram pontes, escolas e prédios, resultando em centenas de vítimas. Na manhã de sábado, quando as pequenas unidades russas tentaram se infiltrar em Kiev, as forças ucranianas controlaram a situação, disse o conselheiro de Zelenskyy, Mykhailo Podolyak.
Ajuda à Ucrânia
Autoridades dos EUA acreditam que o presidente russo, Vladimir Putin, está determinado a derrubar o governo da Ucrânia e substituí-lo por um regime controlado por Moscou. A invasão representou o esforço mais ousado de Putin para redesenhar o mapa da Europa e reviver a influência russa na era da Guerra Fria. Isso desencadeou novos esforços internacionais para acabar com a invasão, incluindo sanções diretas a Putin.
Os militares russos reivindicaram na sexta-feira a cidade de Melitopol, no sul da Ucrânia. Ainda assim, não ficou claro quanto da Ucrânia ainda estava sob controle ucraniano e quanto as forças russas capturaram.
Os EUA e outras potências globais aplicaram sanções cada vez mais duras à Rússia, à medida que a invasão reverberava na economia mundial e no fornecimento de energia. Autoridades da ONU disseram que milhões podem fugir da Ucrânia.
A OTAN, por sua vez, decidiu enviar pela primeira vez partes da força de resposta da aliança para ajudar a proteger os países membros no leste. A organização não disse quantas tropas seriam mobilizadas, mas acrescentou que envolveria poder terrestre, marítimo e aéreo.
O porta-voz do governo alemão Steffen Hebestreit anunciou neste sábado (26) que Berlim aprovou o envio de mil armas antitanque e 500 mísseis antiaéreos Stinger para a Ucrânia.
Não há estimativa de quantas pessoas morreram na maior guerra terrestre na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. No entanto, autoridades ucranianas relataram pelo menos 137 mortes do lado deles desde o primeiro dia completo de combates e reivindicaram centenas do lado russo. As autoridades russas não divulgaram números de vítimas.
Autoridades da ONU relataram 25 mortes de civis, principalmente por bombardeios e ataques aéreos, e disseram que 100 mil pessoas teriam deixado suas casas
Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, assinou um memorando autorizando até US$ 350 milhões em assistência de segurança adicional à Ucrânia, mas deixou claro que não irá mobilizar soldados para o país.
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