(ANSA) – “Acredito que hoje o mundo esteja com sede de paz”, disse o papa Francisco durante a viagem com os jornalistas entre a Itália e Cuba. Segundo o líder dos católicos, “as guerras, os imigrantes, a onda imigratória de pessoas que fogem da guerra e da morte” causam esse sentimento no mundo.
Ele ainda agradeceu aos jornalistas que estavam em seu “voo mais longo” por “fazer o seu trabalho para construir pontes, pequenas pontes, mas uma depois da outra, elas constroem a paz”. Jorge Mario Bergoglio ainda revelou sua emoção ao ter encontrado a família síria que o Vaticano está hospedando. “Emocionei-me muito hoje quando, chegando à porta de Sant’Ana, havia uma das duas famílias que estão morando no Vaticano, acolhidas. Vi o sofrimento no rosto deles”, ressaltou.
Já em seu primeiro discurso em território cubano realizado neste sábado (19), Francisco afirmou que a reaproximação entre Cuba e Estados Unidos é um “exemplo” para mundo atual. “É um exemplo de reconciliação para o mundo e o mundo precisa desse exemplo porque vivemos um momento de uma terceira guerra mundial em partes”, destacou o líder dos católicos. Jorge Mario Bergoglio ainda disse que “há vários meses, vemos um processo que nos enche de esperança” e que “após anos de distância, dois povos se reúnem”, sendo uma “vitória do diálogo”.
O sul-americano foi considerado fundamental por ambos os lados para que a reconciliação ocorresse. Ele intercedeu em diversas fases dos meses de conversas secretas entre os líderes dos EUA e de Cuba. O Pontífice começou seu discurso agradecendo as “palavras gentis” do presidente Raúl Castro e saudou as autoridades políticas e religiosas que estavam no local e ao povo cubano.
Ele ainda aproveitou para saudar o ex-presidente Fidel Castro. Francisco lembrou os seus predecessores, João Paulo II e Bento XVI, por retomarem os “laços” entre a Santa Sé e Cuba e pediu para que a Igreja “opere em Cuba com liberdade e com espaços necessários”. O argentino lembrou dos cem anos das celebrações para Nossa Senhora do Cobre e que ela “abençoe o caminho de paz e de reconciliação”.
“Geograficamente, Cuba é um arquipélago que olha para todos os caminhos, chave entre norte sul e leste e oeste. Sua vocação natural é ser um ponto de encontro para que todos se unam, como sonhou José Martí. Assim também foi o chamado de João Paulo II para que Cuba se abra o mundo e o mundo se abra para Cuba”, ressaltou.
Por sua vez, em seu longo discurso, Castro afirmou ser uma “honra” a visita do Jorge Mario Bergoglio e que o povo cubano estava acolhendo a viagem “com muito afeto, respeito e hospitalidade”. Citando a importância da “justiça social”, o presidente destacou todos os desafios que o governo cubano tem para “dividir a riqueza”. Com uma crítica ferrenha ao capitalismo, o líder da ilha caribenha citou os efeitos que o sistema causa na sociedade, especialmente, nos mais pobres e nos imigrantes.
“Esses são os abandonados do mundo, que clamam por seus direitos, em um momento de justiça tão injusta”, falou Castro. Ele ainda ressaltou a importância do cuidado da natureza, um dos temas mais caros ao sucessor de Bento XVI, e acusou os países ricos e às multinacionais de serem “predadores” dos recursos naturais e da biodiversidade.
Lembrando da participação de Bergoglio na normalização das relações com os Estados Unidos, Castro ainda pediu o fim do embargo econômico à ilha e a devolução do território onde está instalada a prisão militar de Guantánamo.
– Chegada a Havana: O avião da Alitalia que levou o papa Francisco para Cuba pousou no aeroporto José Martí, em Havana, poucos minutos antes do previsto, por volta das 15h55 (horário de Brasília). O Pontífice foi recebido pelo presidente do país, Raúl Castro, e pelo cardeal Jaime Ortega, arcebispo na ilha cubana. Um grupo de cinco crianças, muito emocionadas, entregou presentes ao líder dos católicos assim que ele desceu da aeronave.
Uma grande quantidade de pessoas estava no próprio aeroporto e recebeu o Papa como uma “estrela do rock”, gritando incessantemente o nome de “Francisco’. Para hoje, não há mais nenhum compromisso oficial na agenda do papa argentino. Para amanhã (20), ele celebrará uma missa na Praça da Revolução e terá uma série de encontros políticos e religiosos, entre eles, uma visita ao gabinete Raúl Castro.
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