A morte de Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, foi confirmada neste sábado (28) pela própria milícia libanesa, após um ataque aéreo israelense em Beirute. Nasrallah liderou o Hezbollah por mais de três décadas e sua morte representa uma escalada significativa no conflito entre Israel e os grupos militantes apoiados pelo Irã no Líbano.
Em um comunicado oficial, o Hezbollah declarou que Nasrallah se uniu aos seus “grandes mártires” e que o grupo continuará sua “guerra santa” contra Israel. Desde a ofensiva israelense de 7 de outubro, o Hezbollah tem intensificado ataques contra alvos israelenses, alegando apoiar os palestinos em Gaza.
Tensões crescentes na região
A morte de Nasrallah ocorre em meio a uma escalada de violência no Oriente Médio. Israel já está em alerta máximo e prevê que o Hezbollah continuará com suas ações militares, apesar da perda de seu principal líder. De acordo com o Tenente Coronel Nadav Shoshani, porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF), é provável que os ataques contra Israel continuem. Ele afirmou que as forças israelenses estão preparadas para uma escalada ainda maior e que o exército tem intensificado suas operações contra alvos do Hezbollah no Líbano.
Israel também afirmou que a morte de Nasrallah não encerra suas operações contra o grupo. O Chefe de Estado-Maior das IDF, Tenente-General Herzi Halevi, declarou que Israel continuará seus esforços para desmantelar a infraestrutura do Hezbollah no norte e sul do país. Segundo Halevi, o exército está preparado para agir “no norte, no sul e em locais mais distantes“.
A morte de Nasrallah é vista como um desafio significativo para a União Europeia. O bloco tem adotado uma postura de sanções contra a ala militar do Hezbollah, mas mantém relações com sua ala política. Jack Parrock, correspondente da Deutsche Welle em Bruxelas, destacou que não haverá “celebração” nem “tristeza” entre os líderes europeus após a morte do líder, mas que haverá uma reflexão sobre como lidar com as novas tensões na região.
A postura de desescalada tradicionalmente defendida pela UE está agora em cheque. Desde o ataque de 7 de outubro, os esforços diplomáticos da Europa para influenciar a dinâmica do conflito entre Israel e os grupos militantes na região têm sido limitados. O bloco também tem enfrentado dificuldades em manter um equilíbrio nas suas relações com o governo israelense.
Apoio iraniano e reação regional
A morte de Nasrallah também repercutiu fortemente no Irã, principal apoiador do Hezbollah. O Líder Supremo do Irã, Ayatollah Ali Khamenei, apelou para que os muçulmanos defendam o Hezbollah e o povo libanês. Em um discurso carregado de retórica anti-Israel, Khamenei descreveu o regime israelense como um “cão raivoso” e reafirmou que o destino do Oriente Médio será decidido pelas forças de resistência, com o Hezbollah desempenhando um papel crucial.
Analistas avaliam que a morte de Nasrallah, embora significativa, pode não resultar em uma redução imediata das ações militares do Hezbollah. Segundo Makram Rabah, professor da Universidade Americana de Beirute, o Hezbollah tem se mostrado mais vulnerável nos últimos tempos, com muitos de seus líderes escondidos ou mortos. Rabah também alertou que o Irã continua sendo a principal força por trás do grupo, o que torna improvável uma desmobilização a curto prazo.
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