A erupção do vulcão Cumbre Vieja, nas Ilhas Canárias, já destruiu cerca de 100 casas em menos de 24 horas de atividade, informam as autoridades locais nesta segunda-feira (20).
Cerca de cinco mil pessoas foram evacuadas das ilhas de La Palma e El Paso, as mais afetadas, e outras cinco mil devem ser levadas para locais seguros nas próximas horas. O governador regional, Ángel Víctor Torres, afirmou que não há vítimas, mas que a situação ainda é bastante grave.
O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, está em La Palma para acompanhar a situação de perto e verificar o trabalho das equipes de emergência. “Os cidadãos de La Palma devem permanecer tranquilos. A segurança deles está garantida”, disse após sobrevoar a área atingida.
Os vulcanologistas não conseguem prever quanto tempo demorará a erupção iniciada na tarde neste domingo (19), mas é possível que ela dure “por semanas ou até meses”. “Por isso, sejamos prudentes: não vá muito perto e permaneça distante. Toda a Espanha está com vocês”, acrescentou Sánchez.
Essa é a primeira vez em 50 anos que o Cumbre Vieja entra em erupção e as autoridades informaram que a lava está se dirigindo em direção ao mar. Por isso, todas as casas e áreas de plantações que estão em seu caminho estão sendo completamente destruídas.
Risco de tsunami no Brasil
Um estudo da Universidade Federal do Paraná (UFPR), conduzido pelo geólogo Mauro Gustavo Reese em 2017, alertou para os efeitos na costa brasileira dos processos vulcânicos e dos movimentos de massa na Ilha de La Palma. O especialista afirma que o Brasil não está preparado para qualquer tipo de tsunami e que é necessário que o país tome medidas preventivas quanto ao evento. No estudo, o geólogo aponta os estados do Norte e Nordeste como os mais afetados.
“Os danos resultantes das ondas na costa brasileira seriam grandes devido ao despreparo do país. Todo o ambiente costeiro seria afetado, perdas humanas ocorreriam, perdas materiais e prejudicariam o turismo nas regiões. A devastação causada seria o primeiro impacto para a população, isto somado ao despreparo e falta de agilidade do país resultaria em meses para a recuperação dos danos na infraestrutura”, analisou Resse, ressalvando, porém, “que as chances de ocorrência são remotas e longínquas”.
Os especialistas, no entanto, divergem sobre os riscos. Para o pesquisador Saulo Vital, professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e Coordenador do Núcleo de Estudos e Ações em Urgências e Desastres (NEUD), não existem estudos aprofundados com simulações numéricas sobre os impactos para a costa brasileira, então seria difícil especificar com clareza quais estados seriam afetados por um possível tsunami.
Porém, devido ao formato da costa brasileira, a região do Nordeste se torna a região mais vulnerável, principalmente o litoral setentrional, formado por Ceará, Rio Grande do Norte e nordeste do Maranhão.
Para causar um tsunami, o especialista afirma que seria necessário uma erupção explosiva, ou seja, o desmoronamento de parte do vulcão. Isso porque, de acordo com ele, os sismos que costumam ocorrer na área do Cumbre Vieja são moderados, e o que pode gerar tsunamis são abalos sísmicos de alta intensidade.
Caso haja uma erupção capaz de desestabilizar a estrutura rochosa do vulcão, causando um desmoronamento, essa queda iria gerar um movimento de massas d’água. Esse movimento criaria altas ondas, que atingiriam toda a costa do Atlântico.
O coordenador do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Aderson Nascimento, explica que nenhum alerta foi feito ao órgão.
“Essa chance é muito pequena de acontecer. A gente como órgão de sismologia, ninguém soube de nenhum alerta que foi emitido pelo serviço geológico espanhol ou algum órgão oficial dizendo que isso está acontecendo”, disse, em entrevista ao G1.
Ele compartilha a opinião do pesquisador paraibano e afirma que não há motivos para preocupação com um desastre tão grande no Brasil.
“A gente não tem essa preocupação no Brasil, porque esse evento é muito pouco provável”, diz. “Agora, eu não estou dizendo que a chance é zero de acontecer, eu estou dizendo que é muito baixa”.
Do Portal N10 com Agência Ansa, G1 e SBT News
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