(ANSA) – A Rússia anunciou nesta sexta-feira (18) uma nova retirada de tanques, caminhões militares e aeronaves de combate das regiões de fronteira com a Ucrânia e na Crimeia, como parte do planejamento de retornar os equipamentos pesados para as bases permanentes.
“Um outro trem militar que transportava soldados e equipamentos pertencentes às unidades de carros armados do distrito militar ocidental voltou para sua base permanente”, diz um comunicado do Ministério da Defesa repercutido pelas agências estatais de notícias.
Da Crimeia, teriam sido retirados 10 bombardeiros SU-24 usados nos exercícios militares. No entanto, os países ocidentais acusam os russos de estarem mentindo sobre essas retiradas para tentar enganar a opinião pública e acusam Moscou de ter retirado soldados, mas deixado toda uma estrutura pronta para um combate.
E, para elevar ainda mais a tensão, o Kremlin informou que será realizado um exercício com armas nucleares neste sábado (19) e que o treinamento das “forças estratégicas” será supervisionado pessoalmente pelo presidente Vladimir Putin.
Conforme comunicado da Defesa, “o exercício já estava programado” e não é uma ameaça aos ocidentais.
Conflitos no Donbass
Nesta sexta-feira, voltaram a se intensificar as denúncias de violações dos Acordos de Minsk na área separatista do Donbass. As acusações, porém, vem de ambos os lados e não é possível determinar a verdade sobre quem começou os ataques.
Do lado russo, que apoia os grupos separatistas pró-Moscou de Donetsk e Lugansk, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que o governo “está muito preocupado” sobre o que está acontecendo na região e que isso “é potencialmente muito perigoso”.
O ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, acusou o governo ucraniano de usar “armas proibidas” no Donbass.
Já os grupos separatistas, segundo a agência estatal russa Interfax, acusaram as forças oficiais de Kiev de atacarem Lugansk nesta manhã com morteiros. Segundo eles, houve 27 violações do cessar-fogo por parte do Exército ucraniano.
Do outro lado, o Ministério da Defesa de Kiev acusou os separatistas de violarem o acordo por 60 vezes e de terem feito ataques contra suas próprias vilas – em locais desabitados – como pretexto para responderem às forças oficiais.
O comandante das forças armadas ucranianas, Valeri Zaluzhny, informou que a corporação não está fazendo nenhum ataque contra os separatistas e que apenas está se defendendo das ações dos grupos pró-Rússia.
A Organização para a Segurança e Cooperação da Europa (OSCE), por sua vez, afirmou que registrou 189 violações dos acordos em Donetsk e 402 em Lugansk nas últimas 24 horas.
Donbass
A região separatista do Donbass vive em constante tensão desde 2014, quando se iniciou a crise mais grave entre Rússia e Ucrânia e que voltou a se acentuar agora.
Os conflitos armados na área foram intensos, com milhares de mortos entre as forças oficiais e os rebeldes, mas se acalmaram e diminuíram desde fevereiro de 2015, quando foram assinados os Acordos de Minsk entre Kiev e Moscou sob a intermediação de Alemanha e França.
Os documentos preveem diversas ações de ambos os governos, mas pouco saiu de papel. O que tinha sido mais implementado, de fato, era o cessar-fogo em Lugansk e Donetsk.
Além disso, entre as medidas firmadas pelos dois governos, os russos não poderiam mais financiar os rebeldes e os ucranianos precisariam dar um status de regiões autônomas aos dois locais – mas nenhuma das duas regras foi colocada em prática de fato.
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