(ANSA) – A 7ª Cúpula do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizada em Ufá, na Rússia, terminou ontem (9) com o reconhecimento dos cinco países de que é preciso realizar reformas estruturais e ajustes domésticos para manter a rota de crescimento econômico sustentável.
“A recuperação global continua, ainda que o crescimento seja frágil e com consideráveis divergências entre países e regiões”, diz o documento final do encontro. “Reformas estruturais, ajustes domésticos e promoção da inovação são importantes para o crescimento sustentável e para prover uma contribuição para a economia mundial.” De acordo com o professor de Relações Internacionais da FGV e especialista em Brics, Oliver Stuenkel, a maior conquista desta edição da cúpula foi a formalização do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do grupo, que operará com um capital de US$ 100 bilhões. A China entrará com US$ 41 bilhões, enquanto Brasil, Rússia e Índia contribuirão com US$ 18 bilhões cada, e a África do Sul aportará US$ 5 bilhões.
“A formalização do NBD e do Fundo de Reservas dos Brics é importante porque faz o grupo saltar de algo informal para um estágio mais institucionalizado”, disse Stuenkel. O NBD financiará projetos de infraestrutura nos países do Brics, mas as operações podem ser estendidas a países em desenvolvimento que desejem fazer empréstimos com a instituição.
A criação do banco é discutida desde 2012. “Pela primeira vez na história, foi criada uma instituição financeira global liderada por países em desenvolvimento. Isso simboliza o processo de multipolarização tanto solicitado pelos membros dos Brics e a insatisfação com a falta de vontade política dos europeus e norte-americanos em reformar as instituições atuais”, destacou o especialista. A cúpula foi realizada, no entanto, em um momento em que a China, a segunda maior economia do mundo, passa por forte turbulência em seu mercado interno, com a perda de 30% do valor de mercado das ações de empresas do país desde junho.
Mas Stuenkel disse acreditar que uma desaceleração do mercado e a possível bolha chinesa não afetarão o fortalecimento e a instituicionalização dos Brics. “O grupo tem uma estrutura que não depende mais de um fator único, como a economia da China. Isso era relevante no passado e hoje não tem tanto impacto. O crescimento chinês poderá impactar nas relações bilaterais com o Brasil, que tem o país como o principal parceiro comercial, mas não na atuação dos Brcis”, disse o professor.
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