(ANSA) – Em pronunciamento nesta segunda-feira (16), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que sua equipe de segurança nacional está “monitorando de perto” a situação no Afeganistão e defendeu “firmemente” sua decisão de retirar as tropas do país asiático.
No entanto, o democrata admitiu que o avanço rápido do Talibã pelo território pegou o governo americano de surpresa. “Isso tudo realmente se desenrolou mais rápido do que pensávamos”, admitiu Biden.
Em suas primeiras declarações desde que o Talibã assumiu o controle do Afeganistão no último domingo (15), Biden explicou que a missão dos EUA “nunca deveria ser uma construção nacional”, mas em vez disso foi projetada para prevenir “um ataque terrorista em solo americano”.
O líder americano lembrou que cumpriu um acordo feito pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump com o Talibã que exigia que os soldados partissem até 1° de maio e não previa que eles protegessem o país após essa data.
Segundo ele, o tratado inicialmente fez reduzir a presença das tropas no país de cerca de 15,5 mil militares para 2,5 mil.
Para o democrata “o Talibã está no seu ponto mais forte militarmente desde 2001″, mas a escolha que teve que fazer como presidente foi seguir o acordo de Trump ou estar preparado para voltar a lutar contra os rebeldes”.
“Nunca é um bom momento para retirar as forças dos EUA”, disse ele, acrescentando que o país desmoronou “mais rápido do que o previsto”.
Em sua declaração, Biden ressaltou que “apoia totalmente” sua decisão” e explicou que “sempre prometeu ao povo americano que seria franco”, mas admite que a situação com o recente avanço do Talibã “se desenrolou mais rapidamente do que era imaginado”.
O presidente dos EUA ainda enfatizou que o governo afegão não acatou seu conselho e negociou um acordo político com o Talibã. Além disso, disse que o líder do Afeganistão, Ashraf Ghani, insistiu que as forças afegãs lutariam, mas obviamente estava errado”.
“Os americanos não podem e não deveriam estar morrendo e lutando em uma guerra que os afegãos não querem lutar por si mesmos”, acrescentou.
Biden defendeu também que os EUA conseguiram retirar o risco do grupo terrorista Al-Qaeda — que era aliado do Talibã e esteve por trás dos atentados de 11 de setembro de 2001.
Segundo o presidente dos EUA, o foco da missão americana era reduzir o risco do terrorismo. No entanto, ele ameaçou uma resposta “devastadora” se o Talibã atacar os interesses americanos, especialmente durante as operações de evacuação em andamento em Cabul.
No caso de um ataque, a resposta será “rápida e poderosa”, alertou, prometendo defender os cidadãos americanos com o “uso devastador da força. “Se necessário, o governo americano conduzirá ações antiterroristas no Afeganistão”.
Biden contou que a crise que se desenrola no Afeganistão é “angustiante” para os veteranos dos EUA que lutaram lá nos últimos 20 anos. Para eles, “isso é profundamente pessoal”.
“É para mim também. Tenho trabalhado nessas questões há tanto tempo quanto qualquer um”, continuou. “De Cabul a Kandahar, falei com o povo. Encontrei-me com os líderes. Falei com nossas tropas”.
Por fim, Biden afirmou que Washington “continuará pressionando pela diplomacia” no Afeganistão e se focará no que é possível, como continuar apoiando o povo afegão, liderar com diplomacia, influência internacional e ajuda humanitária, além de pressionar por diplomacia regional e engajamento para prevenir violência e instabilidade e defender os direitos básicos do povo afegão.
“Tenho sido claro, os direitos humanos devem ser o centro de nossa política externa, mas a maneira de fazer isso não é por meio de incontáveis desdobramentos militares”, concluiu.
O grupo fundamentalista islâmico já governou o Afeganistão de 1996 a 2001, quando foi derrubado pela invasão americana deflagrada pelos atentados de 11 de setembro.
No entanto, apesar de 20 anos de ocupação, os EUA não conseguiram derrotar o Talibã, que reassumiu o controle do país apenas algumas semanas depois da retirada militar americana e da Otan.
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