Pelo menos três pessoas morreram em um ataque a faca na Basílica de Notre-Dame, em Nice, na França, na manhã desta quinta-feira (29).
Segundo a polícia, uma mulher foi decapitada dentro da igreja. As outras vítimas são um sacristão e outra mulher, sendo que o primeiro teria sido degolado. Já a segunda teria sido ferida na garganta e caminhado até um bar vizinho, onde acabou morrendo.
O autor do atentado, ainda não identificado oficialmente, foi preso. De acordo com o jornal Le Parisien, o nome do agressor é “Brahim”, e ele teria dito à polícia que agiu sozinho.
“Tudo deixa supor que houve um atentado terrorista no coração da Basílica de Notre-Dame”, disse o prefeito de Nice, Christian Estrosi, do partido conservador Os Republicanos, falando também em “fascismo islâmico”.
Ainda de acordo com o prefeito, o suspeito repetia a frase “Allahu Akbar” (“Deus é grande”, em árabe) quando era retirado da igreja. Estrosi também solicitou que todos os outros lugares de culto em Nice sejam fechados ou postos sob vigilância.
O Ministério do Interior da França pediu para as pessoas evitarem a zona do ataque, e o premiê Jean Castex deixou a Assembleia Nacional para se juntar à unidade de crise do governo. O primeiro-ministro também elevou para o “nível máximo” o alerta contra atentados terroristas.
O caso é investigado pelo departamento antiterrorismo do Ministério Público. Em entrevista à emissora francesa BFM, o padre Gil Florini contou que as autoridades eclesiásticas foram alertadas há “dois ou três dias” sobre o risco de ataques na proximidade da Festa de Todos os Santos, em 1º de novembro.
“Estávamos em alerta, mas não pensávamos que poderia acontecer deste modo”, acrescentou. Já o Conselho Francês do Culto Muçulmano publicou uma mensagem no Twitter condenando “com força” o atentado.
“Em sinal de luto e solidariedade às vítimas e seus parentes, convidamos os muçulmanos da França a anularem todas as festividades do Mulude [ocasião que celebra o nascimento do profeta Maomé]”, diz o texto.
O ataque acontece 13 dias depois da decapitação do professor francês Samuel Paty, alvo do terrorismo jihadista por ter exibido charges de Maomé em uma aula sobre liberdade de expressão.
Após o crime, o presidente Emmanuel Macron defendeu a publicação das caricaturas e abriu uma crise com o mundo islâmico, com diversos países muçulmanos, incluindo Turquia, Irã e Paquistão, protestando contra o líder francês.
Nice já havia sido atingida pelo jihadismo em 14 de julho de 2016, quando um tunisiano lançou um caminhão contra a multidão que celebrava o Dia da Bastilha, matando 86 pessoas.
Condolências
Em mensagem no Twitter, o ministro das Relações Exteriores da Itália, Luigi Di Maio, expressou “profundas condolências pelo bárbaro atentado de Nice”.
“Estamos ao lado do povo francês e da dor das famílias das vítimas. A Itália repudia todo tipo de extremismo e permanece com a França na luta contra o radicalismo violento”, escreveu o chanceler.
O porta-voz do presidente da Rússia, Vladimir Putin, definiu o ataque como uma “terrível tragédia”, enquanto o Ministério das Relações Exteriores da Turquia, antagonista da França nas últimas semanas, afirmou que “nada pode justificar o assassinato de uma pessoa ou a violência”. “É evidente que quem organiza tal ataque brutal em um lugar sagrado de culto não tem valores religiosos, humanos e morais”, afirmou a pasta.
Já o porta-voz do Vaticano, Matteo Bruni, declarou que o “terrorismo e a violência jamais podem ser aceitos”. “O papa [Francisco] está do lado da comunidade católica em luto e reza para que a violência acabe, para que voltemos a nos olhar como irmãos e irmãs, e não como inimigos”, acrescentou.
Com informações da ANSA*
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