Um novo estudo realizado por pesquisadores do Pacific Northwest National Laboratory (PNNL) e do Los Alamos National Laboratory (LANL) revela que o custo para mitigar as mudanças climáticas pode aumentar quatro vezes se medidas efetivas não forem tomadas imediatamente. A pesquisa, publicada no npj Climate and Atmospheric Science, analisa o cenário de perda de gelo marinho como um exemplo de ponto de inflexão climático.
Pontos de inflexão são definidos como limiares além dos quais mudanças significativas e generalizadas tornam-se inevitáveis, mesmo que os fatores que causam essas mudanças sejam removidos. No caso do estudo, os pesquisadores modelaram quando regiões polares sem gelo se tornariam inevitáveis, mesmo que o aquecimento global fosse parado de imediato.
Segundo a matemática Parvathi Kooloth, do PNNL, “You either shoulder the cost now, just before the threshold is crossed, or you wait”, ou seja, “Você assume o custo agora, pouco antes de o limite ser ultrapassado, ou espera”. Ela complementa: “And if you wait, the degree of intervention needed to bring the climate system back to where it was rises steeply”, que em português significa: “E se você esperar, o grau de intervenção necessário para trazer o sistema climático de volta aonde estava aumenta acentuadamente”.
O estudo demonstra que o aumento de custos é exponencial após o atingimento do ponto de inflexão. Embora a modelagem mostre que o aumento acentuado de custos pode ser adiado – dando potencialmente mais tempo para reverter o curso e restaurar ecossistemas – uma vez que essa ‘janela de ultrapassagem’ for ultrapassada, o custo da reversão aumenta ainda mais rapidamente. Os pesquisadores alertam que nem todas as consequências dos pontos de inflexão são reversíveis. A recuperação, quando possível, demanda mais tempo e esforço.
Kooloth ilustra com um exemplo: “If we arrive in the year 2100 with no sea ice, it may not be sufficient to bring the ice back if we dialed our emissions down to the levels we’re emitting now in 2024, when we still have some ice left”, ou seja: “Se chegarmos ao ano de 2100 sem gelo marinho, pode não ser suficiente trazê-lo de volta se reduzirmos nossas emissões aos níveis que estamos emitindo agora em 2024, quando ainda temos algum gelo restante”. Ela continua: “We may need to dial emissions down much further, to levels predating 2024 – that asymmetry is important for us to consider as we choose our path forward”, traduzindo: “Podemos precisar reduzir muito mais as emissões, a níveis anteriores a 2024 – essa assimetria é importante para considerarmos ao escolhermos nosso caminho a seguir”.
Embora cada ponto de inflexão seja único, os pesquisadores sugerem que todos compartilham princípios fundamentais. Acreditam que os resultados sobre a perda de gelo marinho podem ser comparados a outros cenários, como o desaparecimento de recifes de coral e a degradação de florestas tropicais. O estudo destaca a importância da identificação e previsão desses pontos de inflexão para evitar o aumento descontrolado dos custos de mitigação.
Kooloth afirma: “We know a great deal about the climate system today”, ou seja, “Sabemos muito sobre o sistema climático hoje”. Mas ressalta a incerteza: “But even now we’re never really sure how far or close we are to a tipping point”, que traduzido é: “Mas mesmo agora, nunca temos certeza de o quão longe ou perto estamos de um ponto de inflexão”. Ela finaliza com um tom esperançoso: “Could we one day use observable precursors to provide early warning? My hope is that we can”, ou seja: “Poderíamos um dia usar precursores observáveis para fornecer um alerta precoce? Minha esperança é que possamos.”
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