Manifestantes bolsonaristas furaram os bloqueios da polícia do Distrito Federal e da Força Nacional e invadiram as sedes dos três poderes da República, em Brasília, neste domingo (8).
Vídeos divulgados nas redes sociais mostram apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tomando espaços internos e promovendo quebra-quebra dentro do Congresso Nacional, sede do Legislativo; do Supremo Tribunal Federal (STF), sede do Judiciário; e até do Palácio do Planalto, sede da Presidência da República.
Os radicais pedem um golpe militar para remover o presidente democraticamente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que não se encontra em Brasília porque viajou a Araraquara, no interior de São Paulo, para verificar estragos feitos pelas fortes chuvas na região.
Do lado de fora, bolsonaristas subiram até na rampa do Congresso Nacional, que está em recesso, e ocuparam o teto do edifício, diante de uma postura passiva das forças de segurança, em número muito menor que o de manifestantes. Alguns vídeos mostram inclusive policiais do DF tirando fotos dos bolsonaristas com seus celulares.
Em seu perfil no Twitter, o líder do governo Lula no Congresso , Randolfe Rodrigues (Rede), afirmou que o prédio “está sendo atacado por terroristas”. “Os criminosos antidemocratas não podem andar livremente, não há o que tolerar com os intolerantes. Esperamos a dura aplicação da lei a todos os envolvidos nessas ações”, disse.
Nos canais de notícias brasileiros, o episódio é comparado à insurreição de apoiadores de Donald Trump no Capitólio em 6 de janeiro de 2021.
A invasão ocorre apesar de o ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), ter autorizado o uso da Força Nacional para conter atos antidemocráticos de bolsonaristas, que não aceitam a derrota do ex-presidente nas eleições do ano passado.
“Essa absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer. O Governo do Distrito Federal afirma que haverá reforços. E as forças de que dispomos estão agindo. Estou na sede do Ministério da Justiça”, disse Dino.
Bolsonaro até hoje não parabenizou Lula pela vitória e viajou para os Estados Unidos antes da posse do petista, evitando desmobilizar seus apoiadores.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, qualificou as ações como “atos antidemocráticos” e informou que conversou com o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, que disse “que está concentrando os esforços de todo o aparato policial para controlar a situação”.
“As forças de segurança do Distrito Federal, além da Polícia Legislativa do Congresso, estão empenhadas na ação. Repudio veementemente esses atos antidemocráticos , que devem ser submetidos com urgência ao rigor da lei”, escreveu Pacheco em sua conta no Twitter.
Da mesma forma, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência, Paulo Pimenta, afirmou que a manifestação vem de “uma minoria golpista” que incita à violência.
“Temos certeza de que a maioria do povo brasileiro quer unidade e paz neste momento para que o Brasil possa seguir em frente. Essa manifestação é de uma minoria golpista que não aceita o resultado das eleições e que prega a violência. Uma minoria violenta, que será tratado com o rigor da lei”, tuitou.
Reação internacional
Os presidentes do Chile, Gabriel Boric, e da Colômbia, Gustavo Petro, condenaram mais um ataque de manifestantes contra as instituições democráticas brasileiras.
“O governo do Brasil conta com todo o nosso respaldo diante desse covarde e vil ataque à democracia”, escreveu Boric no Twitter.
Já Petro prestou solidariedade ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que o “fascismo decidiu dar um golpe”.
“As direitas não conseguiram manter o pacto de não violência. É hora de uma reunião urgente da OEA [Organização dos Estados Americanos] se ela quiser seguir viva como instituição e aplicar a carta democrática”, acrescentou o líder colombiano, também no Twitter.
Os dois presidentes de esquerda estiveram com Lula na cerimônia de posse do petista, em 1º de janeiro
Do Portal N10 com Agência ANSA
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