A Polícia Federal (PF) indica o envolvimento do Tenente Aparecido Andrade Portela, presidente do diretório do PL em Mato Grosso do Sul e suplente da senadora Tereza Cristina, em uma suposta tentativa de golpe de Estado. Segundo relatório da PF entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), Portela teria atuado como intermediário entre o governo do então presidente Jair Bolsonaro e financiadores de manifestações antidemocráticas que objetivavam impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin.
O relatório, cujo teor foi divulgado pelo STF antes de ser encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), destaca que a análise de celulares apreendidos revelou novos investigados. Embora a PF tenha indiciado 37 pessoas em seu inquérito, Portela não se encontra entre elas. A PGR decidirá se oferece denúncia ou pede arquivamento do caso.
A investigação aponta que Portela e Bolsonaro mantêm uma amizade próxima desde o final da década de 1970, quando ambos serviram no 9° Grupo de Artilharia de Campanha em Nioaque (MS). A PF afirma, com base em jornais sul-mato-grossenses, que Portela foi indicado por Bolsonaro para ser seu suplente no Senado. Os investigadores relatam que, em dezembro de 2022, Portela realizou pelo menos 13 visitas ao Palácio do Alvorada, coincidindo com um suposto plano para assassinar Lula, Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes.
Como prova, a PF anexou ao relatório mensagens trocadas entre Portela e o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, um dos principais investigados. Em uma conversa de 26 de dezembro de 2022, Portela menciona pessoas que “colaboraram com a carne” para um “churrasco”, cobrando por ações posteriores. A PF interpreta “churrasco” como uma metáfora para o plano de golpe, com os financiadores cobrando a concretização da ruptura institucional por Bolsonaro. Cid se oferece para intermediar a situação, dizendo: “Se eles vier aqui em casa, eu ligo por viva vós (sic)…Vamos vencer de alguma forma”.
As mensagens, segundo a PF, utilizavam códigos comuns no meio militar e demonstravam a esperança de sucesso do plano golpista, que teria se iniciado após o segundo turno das eleições de 2022. Após Cid viajar para os EUA, as mensagens de Portela demonstram crescente preocupação com a resposta das instituições democráticas após os eventos de 8 de janeiro de 2023. Em 12 de janeiro, Portela relata em mensagem: “pessoal está em cima de mim aqui, infelizmente vou ter que devolver a parte desse pessoal, minha vida está um inferno”, indicando a necessidade de devolver dinheiro aos financiadores. Ele descreve ainda dificuldades em conseguir empréstimos para saldar suas dívidas.
Elementos Chave da Investigação:
- Intermediação: Portela atuou como intermediário entre Bolsonaro e financiadores.
- Mensagens Cifradas: Troca de mensagens com Mauro Cid revelam o plano golpista.
- Visitas ao Alvorada: Pelo menos 13 visitas em dezembro de 2022.
- Indícios de Financiamento: Menção à devolução de dinheiro a financiadores após os atos de 8 de janeiro.
A Agência Brasil entrou em contato com o Tenente Portela, aguardando resposta.
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