A Polícia Federal (PF) concluiu sua investigação sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 e o atentado a bomba ocorrido em Brasília em novembro de 2024, responsabilizando a disseminação de narrativas golpistas durante o governo Bolsonaro. O relatório, que teve o sigilo quebrado pelo ministro Alexandre de Moraes, indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas por golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Segundo a PF, a repetição constante de informações falsas criou um ambiente fértil para o radicalismo, culminando nos eventos de 8 de janeiro. A investigação aponta para uma tentativa deliberada de minar a democracia, com a intenção de um golpe de Estado que, contudo, fracassou devido à falta de apoio de setores das Forças Armadas. Esse método de ataques sistemáticos aos valores mais caros do Estado democrático de direito criou o ambiente propício para o florescimento de um radicalismo que, conforme exposto, culminou nos atos do dia 8 de janeiro de 2023, mas que ainda se encontra em estado de latência em parcela da sociedade, exemplificado no atentado bomba ocorrido na data de 13 de novembro de 2024 na cidade de Brasília
, afirma a PF em seu relatório.
Além dos eventos de 8 de janeiro e do atentado com explosivos, a investigação da PF também incluiu:
- Tentativa de invasão à sede da Polícia Federal em Brasília em 12 de dezembro de 2022;
- Tentativa de explosão de um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília em 24 de dezembro de 2022.
O relatório da PF detalha a participação ativa de Bolsonaro nos atos que visavam um golpe de Estado. Os elementos de prova obtidos ao longo da investigação demonstram de forma inequívoca que o então presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que objetivava a concretização de um golpe de estado e da abolição do estado democrático de Direito, fato que não se consumou em razão de circunstâncias alheias à sua vontade
, diz um trecho do documento.
A investigação revela que Bolsonaro tinha conhecimento do plano Punhal Verde e Amarelo
, que previa o sequestro ou assassinato do ministro Alexandre de Moraes, do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin. O relatório aponta ainda que o então comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier, teria colocado as tropas à disposição de Bolsonaro. Tropas estas que estavam de prontidão para auxiliar no golpe de Estado. A falta de apoio do Exército e da Aeronáutica impediu a concretização do plano.
Um documento apreendido na sede do PL, com a frase Lula não sobe a rampa
, demonstrava a intenção de impedir a posse do presidente Lula. O documento, encontrado na mesa do assessor do general Walter Braga Netto, coronel Peregrino, descrevia ações para interromper a transição de governo e mencionava a Operação 142
, uma referência ao artigo 142 da Constituição que trata das Forças Armadas, sugerindo uma possível ruptura institucional.
Após a retirada do sigilo, o inquérito foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR) para que o procurador-geral, Paulo Gonet, decida se oferece denúncia ao Supremo contra Bolsonaro e os demais acusados pelos crimes investigados pela PF.
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