Cinco anos após o massacre de Paraisópolis, que vitimou nove jovens durante o Baile da DZ7, em 2019, a impunidade prevalece. Familiares das vítimas realizaram um ato em frente ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para marcar a data e exigir justiça. O protesto incluiu uma caminhada pela Rua Nabih Assad Abdalla, no Morumbi, com faixas como “O Direito existe para que a justiça seja feita” e “Não foi socorro”, refutando a versão da Polícia Militar (PM) sobre o ocorrido.
A PM alegou ter ido ao local para prestar socorro, mas as famílias e manifestantes contestam essa narrativa, acusando a corporação de repressão. A manifestação encontrou bloqueios nos portões do palácio, efetuados por agentes da PM.
Cristina Quirino, mãe de Denys Henrique Quirino, uma das vítimas, criticou a falta de punição não apenas aos policiais que executaram os atos de violência, mas também aos responsáveis pelas ordens e pela orientação da conduta policial. Emocionada, ela declarou: “Não é só quem aperta o gatilho, quem joga o gás lacrimogêneo, quem executa. Quem manda também tem que ser punido.” Ela acrescentou: “É por isso que a gente tem aqui mães [de vítimas] de outros casos, que não o de Paraisópolis. Os governadores não são punidos.”
Doze policiais foram acusados de homicídio, enquanto um décimo terceiro responde por colocar em risco os frequentadores do baile ao lançar explosivos na multidão. O processo judicial teve início com a primeira audiência de instrução em julho de 2023, com 24 das 52 testemunhas de acusação prestando depoimento. As audiências foram retomadas em meados de dezembro de 2023.
Um relatório da Defensoria Pública de São Paulo, com 187 páginas, detalha o caso, analisando imagens de câmeras e conversas que revelam a ação policial. O relatório conclui que há evidências sólidas de que os agentes encurralaram os jovens em uma viela e que as mortes ocorreram por asfixia, contrariando a versão inicial de pisoteamento.
A biomédica Ana Paula de Souza Velloso, do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (Caaf) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), apresentou evidências científicas que comprovam a causa da morte das vítimas por asfixia mecânica, desmentindo a tese do pisoteamento. Sua análise reforça as conclusões da Defensoria Pública.
João Doria, governador à época do massacre, declarou que não recuaria nos comandos dados às forças de segurança, mesmo após inúmeras denúncias de abuso. Para auxiliar no acompanhamento do caso, foi lançado um site, https://os9queperdemos.com.br/, contendo a linha do tempo do caso, uma central de denúncias e relatórios que detalham o episódio e abordam a violência policial e a criminalização do funk.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.