Um inquérito da Polícia Federal (PF), que teve o sigilo retirado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na terça-feira (26/11/2024), aponta o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, como figura central em um alegado plano para desestabilizar o processo eleitoral e subverter o regime democrático.
Segundo a PF, o general teria atuado de forma destacada no planejamento e execução de ações para desacreditar o processo eleitoral brasileiro. Como prova, a investigação apresenta uma agenda pessoal de Heleno contendo anotações manuscritas com ‘diretrizes estratégicas’ para atacar as urnas eletrônicas. Em uma dessas anotações, o general teria escrito: “É válido continuar a criticar a urna eletrônica”.
Além dessas anotações, a PF encontrou na residência do general documentos que, segundo a investigação, descrevem argumentos sobre supostas inconsistências e vulnerabilidades das urnas eletrônicas. Outras anotações na agenda, classificadas como “Seg Institucional”, mencionam o “limiar do rompimento”, indicando uma possível intenção de ruptura institucional.
A PF também alega que o general lideraria um Gabinete Institucional de Gestão de Crise, composto por militares, com início previsto para 16 de dezembro de 2022. O plano, segundo a investigação, previa a prisão ou execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes, como parte de um golpe de Estado a ser consumado no dia anterior.
“O foco de atenção e preocupação dado pelos diversos investigados da área militar sobre quem teria sido citado na colaboração, demonstra que o general Augusto Heleno tinha papel relevante nos fatos investigados, exercendo, conforme todos os elementos probatórios demonstram, posição de liderança e proeminência na execução do plano de Golpe de Estado”, afirma trecho do relatório da PF.
O advogado de defesa do general Heleno, Matheus Mayer, afirmou à Agência Brasil que ainda não poderia se manifestar sobre o inquérito devido à grande quantidade de informações presentes no documento.
A investigação da PF também destaca a participação de outros indivíduos e instituições em ações complementares para a suposta concretização do golpe de Estado. A PF aponta a existência de seis núcleos criminosos envolvidos na trama.
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