Um estudo divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), nesta terça-feira (9), revelou que a inflação no Nordeste do Brasil tem superado a das demais regiões do país nos últimos três anos. O levantamento, realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE), apontou que a taxa de inflação para as famílias nordestinas com renda de até 1,5 salário mínimo por mês alcançou quase 7% entre dezembro de 2020 e março de 2023, enquanto a média nas outras regiões do país ficou entre 5% e 6%.
Fatores explicativos
Diversos fatores contribuem para a disparidade nos preços praticados ao consumidor, variando de acordo com a região. Hábitos de consumo, impostos, frete e clima são alguns dos elementos que ajudam a explicar o aumento da inflação no Nordeste. Desde o início da pandemia, alimentos básicos e moradia se tornaram mais caros para as famílias de baixa renda na região em comparação à média nacional.
Despesas básicas
As famílias de baixa renda no Nordeste comprometem uma parcela maior de seus recursos com despesas básicas, como alimentação e saúde, em comparação com as famílias de outras regiões do Brasil. A pesquisa da FGV mostra que as famílias nordestinas gastam 30,65% de seu orçamento com alimentos, enquanto a média nacional é de 23,41%. Além disso, essas famílias também gastam mais com saúde, educação e transportes.
O estudo da FGV destaca a importância de se analisar a inflação e seus impactos de forma regionalizada, levando em consideração as especificidades de cada área do país. A maior inflação no Nordeste e o comprometimento de uma parcela maior de recursos das famílias de baixa renda com despesas básicas evidenciam a necessidade de políticas públicas e estratégias de desenvolvimento econômico voltadas para a redução dessas disparidades regionais.
IPC-Regional
O Índice de Preços ao Consumidor Regional (IPC-Regional), desenvolvido pela FGV IBRE, mede a inflação nas principais capitais das cinco grandes regiões do Brasil, considerando famílias de baixa renda (até 1,5 salário mínimo mensal) e de alta renda (acima de 11,5 salários mínimos mensais). A instituição também anunciou que lançará um Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, sediado em Fortaleza, para aprofundar a análise das questões econômicas da região.
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