Na última quinta-feira (22), o Secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Sonny Perdue, anunciou a suspensão da importação de carne bovina fresca do Brasil. A suspensão deve vigorar até a data em que a autoridade sanitária norte-americana se sinta satisfeita com as alterações na inspeção de produtos de origem animal que, a seu ver, são necessárias para salvaguardar o consumidor.
Na semana passada, o Secretariado do Conselho da União Europeia emitiu declaração, relatando os problemas identificados nas importações de produtos de proteína animal. Em carta ao Ministro Blairo Maggi, o Comissário europeu de Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, comunicou-o sobre os problemas, informando que esperava serem corrigidos com brevidade ou a determinação de maior suspensão.
Por meio de nota, a Sociedade Rural Brasileira (SRB) avalia como a iniciativa privada e o setor público podem atuar juntos para o Brasil recuperar a credibilidade da carne bovina fresca na comunidade internacional, após decisão dos Estados Unidos de suspender a importação da proteína animal brasileira.
“Os produtos do Brasil realmente têm problemas? O setor produtivo do Brasil é extremamente moderno, o que, certamente, causa temores aos nossos concorrentes. A indústria de processamento é, quase na sua totalidade, muito nova e moderna, até mesmo como resultado do recente e importante crescimento que tivemos na produção e exportação de produtos de origem animal. Além de controles internos modernos na produção, a indústria é fiscalizada constantemente por Auditores do Ministério da Agricultura. Quase semanalmente, o Brasil recebe Delegações de países importadores, que também realizam fiscalizações no sistema do Ministério da Agricultura. O produto de origem animal do Brasil está entre os melhores do mundo.
Infelizmente, a fragilidade institucional nos mais altos níveis da Nação criou um descrédito do País. Aliado a esta dificílima questão, a operação “carne fraca” e, posteriormente, a operação “carne fria” da Policia Federal identificaram problemas reais de relacionamento promíscuo entre agentes públicos e o setor privado. Problemas que, é verdade, não destroem a qualidade do produto brasileiro, porém, arruínam a credibilidade das instituições que deveriam garantir esta qualidade.
O comércio internacional, em especial de produtos agrícolas, está sujeito a pressões protecionistas de nossos concorrentes, sempre muito politicamente ativos. A fragilidade institucional existente no País hoje, contudo, permitiu aos concorrentes aproveitar a situação para impor as sanções comerciais ao Brasil nos últimos dias.
É preciso reagir, porém, sem negar os problemas, pois eles existem, ainda que diminutos. É preciso reagir, corrigindo, em primeiro lugar, o relacionamento entre os setores público e privado. Em segundo lugar, tomar a iniciativa imediata de alterar as pequenas questões identificadas, visando eliminar os problemas de inspeção.
A liderança dessas alterações deve partir da sociedade. O setor privado deve atuar, sobretudo, no sentido de promover alterações estruturais, tanto no relacionamento com o setor publico, como nas ações de inspeção. O setor público, por sua vez, precisa modificar a eficiência de seus controles, para garantir a independência de ação de seus auditores, assegurando prioridade e com o reconhecimento de que os serviços públicos se destinam à valorização da produção do Brasil. Ou seja, a transparência no relacionamento entre os setores público e privado deve ser total e valorizada.
É um desafio, mas podemos atingi-lo. Certamente, é mais fácil em relação a tudo o que já conquistamos. Essa tarefa, porém, exigirá dos setores público e privado uma atuação em conjunto para reconquistarmos a credibilidade que merecemos.”
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