Você já deve imaginar que o estresse está ligado, de certa forma, ao envelhecimento precoce e doenças, mas já se perguntou o quanto o estresse crônico acelera esse relógio biológico? E se há maneiras de desacelerar e prolongar uma vida saudável? Em um novo estudo, os pesquisadores da Universidade de Yale usaram um relógio epigenético, apropriadamente denominado “GrimAge”, para chegar a uma conclusão certeira: o estresse realmente faz o relógio da vida passar mais rápido – mas é possível ajudar a controlar os efeitos, fortalecendo a regulação emocional e autocontrole.
“Cientistas nos últimos anos desenvolveram maneiras de medir a idade biológica rastreando mudanças químicas no DNA que ocorrem naturalmente com a idade, mas ocorrem em momentos diferentes em pessoas diferentes. Eles são os chamados ‘relógios epigenéticos’, que provaram ser melhores preditores de longevidade e saúde do que a idade cronológica. Esse estudo destaca uma série de maneiras pela qual o estresse acaba sendo maléfico para diminuir nossa longevidade”, explica o geneticista Dr. Marcelo Sady, Pós-Doutor em Genética e diretor geral Multigene.
As descobertas foram publicadas no começo de dezembro na revista Translational Psychiatry, publicação de acesso aberto com a melhor classificação em Psiquiatria e ligada à Nature.
Segundo o estudo, o estresse prolongado, por exemplo, aumenta o risco de doenças cardíacas, dependência química, transtornos do humor e transtorno de estresse pós-traumático. “Ele também pode influenciar o metabolismo, acelerando distúrbios relacionados à obesidade, como diabetes. O estresse também enfraquece nossa capacidade de regular as emoções e de pensar com clareza”, diz o Dr. Marcelo Sady.
Para o estudo, os pesquisadores do Departamento de Psiquiatria de Yale decidiram explorar se o estresse também acelera o envelhecimento em uma população relativamente jovem e saudável. Para o estudo, eles inscreveram 444 pessoas, com idades entre 19 e 50, que forneceram amostras de sangue usadas para avaliar as mudanças químicas relacionadas à idade capturadas pelo GrimAge, bem como outros marcadores de saúde. Os participantes também responderam a perguntas destinadas a revelar os níveis de estresse e resiliência psicológica.
“Mesmo depois de levar em conta fatores demográficos e comportamentais, como tabagismo, índice de massa corporal, raça e renda, os pesquisadores descobriram que aqueles que pontuaram alto em medidas relacionadas ao estresse crônico exibiram marcadores de envelhecimento acelerado e mudanças fisiológicas, como aumento da resistência à insulina”, diz o geneticista.
No entanto, o estresse não afetou a saúde de todos da mesma forma. Os indivíduos com pontuação alta em duas medidas de resiliência psicológica – regulação da emoção e autocontrole – foram mais resilientes aos efeitos do estresse no envelhecimento e resistência à insulina, respectivamente. “Esses resultados apoiam a noção popular de que o estresse nos faz envelhecer mais rápido, mas também sugerem uma maneira promissora de minimizar essas consequências adversas do estresse por meio do fortalecimento da regulação emocional e do autocontrole“, explica o geneticista.
Em outras palavras, quanto mais resiliente psicologicamente, maior a probabilidade de alguém viver uma vida mais longa e saudável. “O estudo reforça a ideia de que devemos buscar meios de modular o estresse, fazer um investimento em nossa saúde psicológica, a fim de melhorar a longevidade“, finaliza o geneticista.
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