(ANSA) – A procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, confirmou nesta quinta-feira (3) a denúncia contra 16 cartolas ligados à Fifa por conta do esquema de propinas na entidade, incluindo o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Marco Polo Del Nero, e um de seus antecessores, Ricardo Teixeira.
Segundo ela, essas pessoas teriam recebido US$ 200 milhões em subornos. A lista também contém os atuais mandatários da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o paraguaio Juan Ángel Napout, e da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf), o hondurenho Alfredo Hawitt. Também há cartolas de Bolívia, El Salvador, Equador, Guatemala, Panamá e Peru.
Dos 16 denunciados, Hawitt e Napout foram presos na manhã desta quinta-feira em Zurique, na Suíça. O grupo é acusado de ter montado um esquema de recebimento sistemático de propinas em contratos de marketing esportivo envolvendo a Fifa e confederações regionais e nacionais e em acordos para a transmissão televisiva de torneios, incluindo as Copas do Mundo de 2018, na Rússia, e 2022, no Catar, e até edições da Libertadores da América.
Os dirigentes entraram na mira do FBI, a polícia federal dos Estados Unidos, por terem usado o sistema bancário norte-americano para receberem os subornos. Dos três brasileiros já denunciados até o momento no escândalo na Fifa, apenas o ex-presidente da CBF José Maria Marin está nos Estados Unidos. Ele fora preso na Suíça, em maio passado, e aceitou ser extraditado.
Del Nero vive no Brasil, mas a localização de Teixeira é incerta – recentemente, ele voltou de um período na Flórida. Isso pode acabar dificultando o processo para levá-los à Justiça dos EUA. No entanto, a procuradora Loretta Lynch garantiu que fará “de tudo” para que isso ocorra. “A respeito de pessoas nos outros países, incluindo o Brasil, temos acordos [de extradição] com alguns países, com outros não, mas podemos fazer tudo o que for possível – e vamos fazer – para trazer essas pessoas ao nosso alcance”, declarou.
Pedido de licença
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) anunciou em seu site oficial que o presidente Marco Polo Del Nero pediu licença do cargo para “dedicar-se à sua defesa” contra as denúncias de recebimento de propinas e formação de quadrilha feitas pela Justiça dos Estados Unidos.
O comunicado também diz que o cartola está certo da “comprovação de sua inocência, tão logo posso exercer os consagrados e constitucionais direitos ao contraditório e à ampla defesa”. Enquanto Del Nero ficar afastado, a CBF será comandada interinamente pelo vice-presidente Marcus Antônio Vicente, que cumpre mandato de deputado federal pelo PP do Espírito Santo. Ele também chefiou a federação capixaba por 20 anos.
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